VÍDEO
Empresária de Alagoas denuncia ex-marido por violência e foge do país
Giuliana Omena disse que foi agredida de várias formas e que tem medo de morrer
A empresária alagoana Giuliana Omena, dona de uma loja de roupas em Maceió, denunciou o ex-marido e sócio, Igor Fabiano Santana, por violência doméstica que inclui agressões físicas, psicológicas e patrimoniais. Giuliana afirmou que precisou deixar o país para proteger sua vida, após anos de um relacionamento abusivo.
Em vídeos que viralizaram nas redes sociais, Giuliana compartilhou detalhes dos abusos sofridos ao longo dos quase 16 anos de relacionamento com Igor. Ela revelou traições, episódios de humilhação e convivência forçada com outras mulheres dentro de sua casa e da loja que administrava com o ex-companheiro. Disse ainda que o ex-marido desviava dinheiro da empresa e a impedia de ter qualquer controle financeiro.
“Eu temo pela minha vida. Vivi um relacionamento abusivo durante muitos anos. Era completamente diferente do que aparecia nas redes sociais. Eu mesma demorei a entender que aquilo era violência doméstica. Achava que eram episódios isolados, mas não eram”, contou.
Giuliana começou a empreender aos 17 anos, mesma época em que iniciou o relacionamento com Igor. Segundo ela, as agressões aconteceram inúmeras vezes, mas demoraram a ser reconhecidas como violência por não envolverem inicialmente agressão física. Em uma das situações, Igor teria jogado uma cadeira para atingir a mãe dela, dentro da loja, na frente de clientes e funcionários — entre eles, uma grávida.
“Em dezembro passado, ele quebrou meu escritório com a loja em pleno funcionamento. Todos os colaboradores ouviram os gritos, os chutes, os socos. Minha gerente — que é parente dele — mentiu dizendo que era uma obra. Eu só pensava que não queria passar a vergonha de ver uma viatura levando ele preso na frente da minha loja. Mas, na verdade, o que estavam destruindo era meu espaço de trabalho, e eu era intimidada.”
De acordo a advogada de Giuliana, Amanda Montenegro, a empresária está emocionalmente abalada. Ela passou 15 dias fora do Brasil para se proteger e retornou a Maceió na terça-feira, 22, para prestar depoimento à polícia na sexta-feira, 25. Amanda afirma que Igor passou a integrar o quadro societário da empresa apenas em 2023, após Giuliana assinar um documento sem ter plena ciência do conteúdo. Há indícios de que uma cunhada de Igor, atual gerente da loja, estaria envolvida em um esquema de desvio de recursos, inclusive com venda de bens da empresária.
O caso está sendo investigado por meio de um inquérito civil. “A denúncia foi feita de forma remota. Agora ela será ouvida presencialmente. A polícia trabalha para reunir provas que responsabilizem o agressor judicialmente. É essencial que as vítimas denunciem para que possamos agir com celeridade e interromper o ciclo de violência”, afirmou a Ana Luíza Nogueira.
Além dos relatos de violência física e patrimonial, Giuliana também falou sobre o impacto psicológico das agressões. Segundo ela, chegou a adoecer por acreditar que nada poderia salvá-la. Em uma das situações, o ex-companheiro teria arremessado um celular contra seu rosto. Em outra, a agrediu dias após uma cirurgia de grande porte.
“Com quatro dias de operada, fui chacoalhada em casa, na frente de uma colaboradora que estava comigo há anos. Pedi a ela que pegasse R$ 235 da minha bolsa, caso eu precisasse fugir. Eu vivia com medo constante. Foram muitos anos sem perceber que aquilo tudo era violência.”
Giuliana também destacou que o ex-marido usava estratégias de manipulação psicológica. Segundo ela, pessoas próximas relativizavam os abusos e afirmavam que gestos como preparar o café da manhã ou presentear com flores “compensavam” as agressões.
“Ouvir isso me fazia sentir culpada, como se eu estivesse exagerando. Como se fosse uma troca justa. Eu demorei muito tempo para perceber que não era.”
Ela relatou ainda que Igor tentou desestabilizá-la emocionalmente ao planejar sua internação em uma clínica psiquiátrica. Segundo Giuliana, ele chegou a falar com pessoas próximas sobre conseguir um laudo de insanidade mental para desacreditá-la.
“Eu nunca tive acesso a nenhuma conta bancária, não tinha cartão, não recebia pix. Minha colaboradora comprava pão porque eu não tinha dinheiro. E mesmo tendo conquistas materiais, eu nunca soube detalhes sobre os bens. Se comprávamos um apartamento, eu não sabia quanto custava, onde era. Tudo era centralizado nele. Quando eu perguntava, era humilhada.”
A empresária revelou que, após uma das últimas discussões, o ex-marido deixou a casa e suspendeu qualquer tipo de apoio financeiro, mesmo com ela ainda se recuperando de uma cirurgia. Giuliana disse que ficou completamente sem recursos — sem carro, dinheiro, cartão ou qualquer meio de se locomover.
“Foi em um sábado à noite. No domingo, eu percebi que não aguentava mais. Tive coragem de contar tudo ao meu irmão, que parou a vida para me ajudar. Eu não acreditava que havia saída, mas ele segurou minha mão e me disse que eu conseguiria.”