INVESTIGAÇÃO
Saiba o que pediram para a Abin investigar sobre Renan Calheiros
PF revela que espionagem ilegal incluiu pedidos para levantar rachadinha e nepotismo
Renan Calheiros (MDB-AL) foi um dos alvos diretos da chamada "Abin Paralela", estrutura de espionagem clandestina montada durante o governo Bolsonaro (PL). Segundo relatório da Polícia Federal, foram feitos pedidos para levantar informações comprometedoras contra o senador, com o objetivo de alimentar perfis com conteúdo negativo e atacar sua imagem publicamente.
Entre os termos citados nos pedidos de investigação estão “rachadinha”, “nepotismo” e possíveis “ligações com a Transpetro”, subsidiária da Petrobras. Também foram solicitadas informações sobre assessores e outros vínculos que pudessem ser usados para ataques coordenados. Renan era, à época, relator da CPI da Pandemia e crítico do governo federal.
O documento da PF aponta: “Pedidos para pesquisar, alimentar perfis com info negativa (rachadinha, nepotismo), investigar assessores e ligações (Transpetro)”. A estratégia fazia parte de uma campanha de desinformação contra opositores políticos de Bolsonaro.
Mensagens interceptadas mostram que o senador era citado por codinomes. Em uma delas, um dos envolvidos diz: “O mestre me pediu para consultar os processos judiciais dos três senadores patetas do circo, você consegue o CPF?”. Outro responde: “Kkkkk vai ter trabalho”, e em seguida complementa: “Acho que dá pra achar sim, sem usar sistemas. Só ir na prestação de contas”.
Essas conversas estão entre as provas que levaram ao indiciamento de 36 pessoas pela PF, incluindo Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também é apontado no relatório final da Polícia Federal enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), como "responsável criminalmente". Porém, ele não consta na lista indiciados porque já responde por organização criminosa na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado - que também trata do uso ilegal da Abin. A decisão foi tomada pelo delegado que preside o inquérito da Abin, Daniel Brasil. Para a PF, portanto, Bolsonaro "já está indiciado".
A investigação foi entregue ao Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira (18) e integra a Operação Última Milha, que apura o uso ilegal da estrutura da Abin para fins políticos e eleitorais, violando garantias constitucionais.