O empresário Nelson Tanure condicionou a apresentação de uma proposta vinculante para aquisição da Braskem à celebração de um acordo definitivo sobre as compensações devidas pela empresa em razão do desastre ambiental em Maceió. Para embasar sua decisão, Tanure abriu uma tomada de preços para contratar uma consultoria especializada em eventos geológicos e socioambientais, que irá assessorá-lo nas questões relacionadas ao afundamento do solo em cinco bairros da capital alagoana.

A Braskem já firmou acordos com autoridades e entidades civis para reparação dos danos, e a Justiça tem garantido os termos pactuados. No entanto, a Defensoria Pública do Estado de Alagoas ajuizou uma nova ação civil pública pedindo a revisão dos valores estabelecidos. Até o momento, a Braskem destinou cerca de R$ 18 bilhões ao caso, entre valores desembolsados e provisionados, sendo aproximadamente R$ 13 bilhões já pagos.

Paralelamente, assessores de Tanure iniciaram uma auditoria (“due diligence”) na NSP Investimentos, holding da Novonor (antiga Odebrecht), que detém 38,32% do capital total e 50,11% das ações ordinárias da Braskem. Essa fatia está atualmente sob controle de cinco bancos credores da antiga Odebrecht, em garantia de dívidas estimadas em R$ 15 bilhões. O acordo de confidencialidade firmado com a Novonor prevê uma futura auditoria na própria Braskem, a ser iniciada entre agosto e setembro, segundo fontes próximas à negociação.

Para conduzir as tratativas com os bancos credores e com a Petrobras — segunda maior acionista da Braskem —, Tanure contratou o banco Rothschild. No entanto, a atuação da instituição francesa está restrita à negociação da compra e não envolve, por ora, a reestruturação das dívidas da petroquímica, o que poderá ser discutido apenas em uma etapa futura, caso a aquisição seja confirmada.

No momento, a Braskem tem como foco a adoção de medidas para geração de caixa no curto prazo, com o objetivo de recuperar competitividade. A estratégia inclui a migração para o uso de gás natural e investimentos em petroquímicos verdes, enquanto a renegociação de bônus emitidos pela empresa ainda não entrou na pauta interna, segundo fontes do setor. As informações são do Valor Econômico.