QUATRO CONDENADOS

'Não foi o esperado, mas sou grata a todos', diz mãe de Kleber Malaquias

Segundo Evany Malaquias, ainda existem homens e mulheres de bem comprometidos com a justiça
Por José Fernando Martins 19/02/2025 - 08:51
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Evany Malaquias durante depoimento
Evany Malaquias durante depoimento

Evany Malaquias, mãe do empresário Kleber Malaquias, expressou gratidão após o julgamento dos quatro réus envolvidos no assassinato de seu filho em Rio Largo. Em depoimento ao EXTRA, nesta quarta-feira, 19, ela agradeceu a Deus, aos advogados de defesa, aos promotores e à imprensa pelo apoio durante o processo, ressaltando a importância da luta por justiça.

“Não foi o esperado, mas sou grata primeiramente a Deus, aos defensores Dra. Lídia Malta e Dr. Thiago Riff pela luta incansável, à Polícia Federal que sempre me ajudou, ao júri e ao juiz que presidiu o caso. A todos que estiveram ao meu lado, o meu muito obrigado. Acredito que todos irão pagar conforme a lei, pois a luta é grande e árdua, mas Deus é maior", afirmou. 

Ela também agradeceu aos jornalistas e reforçou que em Alagoas ainda existem homens e mulheres de bem comprometidos com a justiça.

O julgamento, realizado entre os dias 17 e 18, segunda e terça-feira, resultou na condenação de quatro homens pela morte de Kleber Malaquias, assassinato ocorrido em 15 de julho de 2020. O júri foi presidido pelo juiz Eduardo Nobre e contou com a acusação dos promotores de Justiça Lídia Malta e Thiago Riff. 

As condenações foram as seguintes:

— Edinaldo Estevão de Lima: 8 anos de reclusão em regime semiaberto. Como não existe regime semiaberto em Alagoas, ele poderá cumprir a pena em liberdade.

— José Mário de Lima Silva: 12 anos de reclusão, com 8 anos, 4 meses e 1 dia restantes a serem cumpridos em regime semiaberto, também autorizado a responder em liberdade.

— Fredson José dos Santos: 30 anos de reclusão em regime fechado.

— Marcelo José Souza da Silva: 24 anos de reclusão em regime fechado.

Além disso, o juiz determinou a perda do cargo militar para José Mário e Marcelo Souza. O promotor Thiago Riff considerou o julgamento uma resposta positiva à sociedade, destacando que, embora houvesse divergências sobre as penas, o caso representou uma confiança na justiça. "Foi um julgamento árduo, mas com um dever cumprido. A condenação dos quatro réus reforça a confiança da sociedade no nosso trabalho", afirmou.

Durante o primeiro dia do julgamento, Evany Malaquias revelou que seu filho tinha medo das ameaças que sofria devido às denúncias que fazia contra políticos de Rio Largo. Emocionada, ela compartilhou a dor de ter recebido a notícia da morte de Kleber no dia de seu 41º aniversário.

O delegado Lucimério Campos, que na época era titular da delegacia de Rio Largo, também depôs como testemunha, acusando interferência política no caso. Ele se alterou durante o depoimento, quando foi solicitado a citar nomes. Por outro lado, o réu José Mário, sargento da Polícia Militar, afirmou que o delegado forjou provas e o coagiu a confessar, classificando o depoimento como um "teatro".

O segundo dia do julgamento foi marcado por discussões acaloradas, inclusive entre a advogada de defesa de Marcelo Souza e a promotora Lídia Malta, que teve seu tom de voz questionado pela defesa. O juiz Eduardo Nobre interveio, reafirmando a necessidade de manter a ordem no tribunal. 

Durante o processo, o Ministério Público de Alagoas revelou que os réus tentaram incriminar um sargento da Polícia Militar assassinado em 2022, alegando que ele seria o verdadeiro responsável pelo crime. A trama foi desvendada após a prisão do delegado Daniel Mayer, acusado de forjar provas para proteger os réus. A promotora Lídia Malta não poupou críticas ao ex-delegado, sugerindo que ele fosse expulso da Polícia Civil.

O Caso Kleber Malaquias

Kleber Malaquias, conhecido por suas denúncias contra políticos locais e por colaborar com a polícia e o Ministério Público, foi assassinado com dois tiros em seu aniversário, dentro de um bar em Rio Largo. O caso gerou grande repercussão devido à possível motivação política do crime e às conexões com figuras do poder local.


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