Pesquisa

Motoristas e entregadores de aplicativo recebem 40% menos no Nordeste

Rendimento é menor, mas a carga horária é similar a de trabalhadores de outra região
Por Redação com Agência Tatu 21/07/2025 - 12:58
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gov.br/arquivo 2022
Entregador por aplicativo
Entregador por aplicativo

Os trabalhadores de aplicativo dos estados do Nordeste recebem, em média, 40,8% menos que os das demais regiões do Brasil. De acordo com pesquisa inédita e experimental do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), analisados pela Agência Tatu, todos os estados do Nordeste estão entre os piores rendimentos mensais em 2022. A categoria afirma que, proporcionalmente, a situação permanece três anos depois.

A pesquisa considerou motoristas, entregadores e prestadores de serviços por plataformas digitais. Apesar da região Nordeste ser a segunda maior do país em números absolutos de trabalhadores nesse setor, ficando atrás apenas do Sudeste, os ganhos médios ainda são muito abaixo da média nacional, que é de R$ 2.592 mensais.

Maranhão, Ceará e Bahia se destacam como os estados com os menores rendimentos do país, com rendimentos menores que R$ 1.500. Enquanto um trabalhador de aplicativo recebe por mês, R$3.242 em São Paulo, maior média do país, no Maranhão recebe R$ 1.440, no Ceará R$1.450 e na Bahia R$ 1.477.

Mesma carga horária

Mesmo com a remuneração mais baixa, a carga horária de trabalho dos estados do Nordeste é semelhante a de outras regiões do país que apresentam uma média de 37 a 40 horas semanais. Pernambuco (39,3), Alagoas (38,3) e Rio Grande do Norte (37,6) são os estados com as maiores cargas horárias da região.

No Nordeste, esse cenário é formado principalmente por pessoas negras, a região apresenta 75,41% de trabalhadores de aplicativo que se autodeclaram pretos ou pardos, um número superior ao de 24,40% de brancos na mesma função. Essa proporção de entregadores negros e brancos superam significativamente a média nacional. No Brasil, 55,5% dos entregadores são negros, enquanto 44,4% são brancos.

Além disso, esse rendimento está também diretamente ligado à escolaridade, 41,7% possuem apenas o ensino médio completo ou superior incompleto, faixa que recebe em média R$ 1.499. Já quem tem ensino superior completo ganha, em média, R$ 3.716.

Esses motoristas ainda lidam com os desafios ligados à vulnerabilidade no trânsito, medo de assaltos e a insegurança em algumas rotas. As mulheres enfrentam ainda mais riscos, como assédio. Este é o caso de Sara Leite, de 23 anos, estudante da Universidade Federal de Alagoas, que trabalhou como motorista de aplicativo por mais de um ano.


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