Justiça
Testemunha diz que advogado Marcos Félix acusou Janadaris por atentado
Aroldo Gama disse que denúncia foi feita no hospital pouco antes da morte da vítima
O advogado Marcos André de Deus Félix teria acusado a advogada Janadaris Sfredo como mandante do atentado que o vitimou, em 2014. A denúncia foi feita no hospital a José Aroldo Casado Gama, pouco antes da vítima morrer em decorrência dos tiros. Aroldo Gama prestou depoimento nesta quinta-feira, 14, na condição de testemunha de acusação contra ré Janadaris.
No depoimento, ele afirmou que chegou a ir no hospital onde Marcos estava internado para prestar solidariedade à família. Neste momento, Marcos teria citado que o crime tinha sido a mando de Janadaris.
Aroldo Gama disse que conhecia Marcos André e que chegou a vê-lo durante os tiros. Também disse que teria presenciado uma discussão entre o advogado e Janadaris. A testemunha confirmou saber que havia rusgas entre os dois e que a advogada chegou a morar no apartamento embaixo do imóvel de Marcos André, quando os dois brigavam frequentemente por causa do som alto.
Outra testemunha de acusação, identificado por nome Antônio Carlos, afirmou que, enquanto estava no Hospital Geral do Estado (HGE), o advogado Marcos André afirmou que o atentado contra ele teria sido a mando da Janadaris. A testemunha contou que a esposa dele é médica intensivista e que eram muito amigos da vítima e que durante o tempo de convivência nunca viu o advogado esboçar qualquer atitude que arranhasse seu caráter. "Sempre responsável, o único vício dele era o surf. Que, inclusive, ao sair do emprego foi morar na Praia do Francês tanto pra ficar mais perto de Maceió, onde os pais moravam, como para ficar mais perto da praia", afirmou.
"Comecei a falar com ele coisas triviais, dizendo que ele ia ficar bom, que tivesse fé e que os amigos estavam torcendo por ele. Aí, para não forçar muito a vítima a falar, deram uma prancheta ao Marcos e ele escreveu que Janadaris era a responsável e falou sobre os 50 mil (Janadaris devia 50 mil pela execução da sentença de despejo da pousada)". A testemunha disse que se desfez do papel porque achava que a vítima sobreviveria. "Fui inocente".
O atentado contra Marcos André ocorreu em março de 2014, na Praia do Francês. Ele foi baleado e morreu dias após no hospital onde estava internado.
Segundo o Ministério Público, Janadaris teria contratado três homens para executar o crime, oferecendo R$ 2 mil. Dois deles, Álvaro Douglas dos Santos e Elivaldo Francisco da Silva, já foram condenados e cumpriram parte da pena. O motorista Juarez Tenório da Silva Júnior também foi condenado.
O órgão aponta que o crime teria origem em uma disputa judicial de 2010, envolvendo uma pousada em Marechal Deodoro, que opôs Marcos André e Janadaris. Ela defendia seu cliente, que tinha alugado a pousada e estava inadimplente, enquanto Marcos André defendia a dona da pousada. Deste caso nasceu a inimizade entre ambos.
O julgamento de Janadaris Sfredo ocorre no Fórum do Barro Duro, em Maceió. Neste momento, será ouvida a irmã da vítima, Manuela Félix de Deus. Logo cedo, o marido da ré, Sérgio Luiz Sfredo, teve que sair do júri para o depoimento da Manuela Félix. Ele não gostou e rebateu o juiz Geraldo Amorim, que suspendeu seu depoimento.
O clima no julgamento é de estresse. Manuela começou seu depoimento afirmando que "ninguém imaginava que essa mulher ia mandar matar meu irmão por causa de um processo que ela perdeu". Ela também informou que Marcos André Meu não tinha inimigos, era uma pessoa boa, honesta e trabalhadora.
Manuela está reafirmando no depoimento que tomou conhecimento de que a ré respondia a processo administrativo no Rio Grande do Sul, enquanto agente penitenciária, razão pelo qual veio "corrida" para Alagoas. Disse também que o marido da mesma, senhor Sfredo, também respondia a processo administrativo enquanto major da Brigada Militar.