Segurança Pública

Inquérito conclui que jovem Gabriel Lincoln foi morto por 'tiro acidental'

Militares que fizeram a abordagem da vítima 'plantaram' arma na cena para forjar legítima defesa
Por Redação 22/08/2025 - 16:32
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Divulgação
Inquérito que investigou morte de adolescente conclui  que houve homicídio culposo
Inquérito que investigou morte de adolescente conclui que houve homicídio culposo

A Polícia Civil divulgou nesta sexta-feira, 22, informações sobre a conclusão do inquérito que apurou o assassinato do adolescente Gabriel Lincoln Pereira da Silva, 16 anos, ocorrido em Palmeira dos Índios no início do mês de maio. Os três militares investigados foram indiciados por fraude processual por terem "plantado" uma arma na cena do crime para fortalecer a narrativa de legítima defesa. Os militares disseram, na ocasião, que Gabriel teria atirado neles durante uma perseguição, e foi atingido após os revidarem.

A conclusão do inquérito apontou, no entanto, que o tiro que matou o jovem foi disparado acidentalmente. Os militares foram indiciados por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). A Polícia Civil representou pelo afastamento cautelar dos policiais.

"A comissão [de delegados] concluiu pelo indiciamento dos policiais militares envolvidos durante a abordagem. Um deles, o sargento, foi indiciado pelo crime de homicídio culposo, bem como pelo crime de fraude processual. Os outros dois ocupantes da guarnição também foram indiciados por fraude processual. Depois de uma vasta investigação, que contou com exames periciais, como constatação de DNA, residuográfico e reprodução simulada. Constatamos que o disparo foi acidental, mas também que a arma apresentada pelos policiais militares não era de posse do adolescente", afirmou o delegado Sidney Tenório.

Desde o início das investigações, familiares de Gabriel contestaram a informação de que o jovem estava armado quando foi abordados e perseguido pelos militares. A versão oficial da PM afirma que Gabriel desobedeceu a uma ordem de parada após empinar a moto e avançar um sinal vermelho. No entanto, a família contesta essa narrativa e afirma que o jovem era trabalhador, estudioso e nunca teve contato com armas. “Nunca viu uma arma. Nem de brinquedo”, declarou o pai de Gabriel, emocionado, ao visitar o local onde o filho foi baleado.

A investigação foi conduzida pela comissão da Polícia Civil composta pelas Diretorias de Polícia Judiciária 1 e 3, além da Delegacia de Homicídios da 5 Região, tendo como responsáveis, respectivamente, os delegados Sidney Tenório (diretor da DPJ1), Alexandre Leite, (diretor da DPJ3) e delegado João Paulo Tenório, (coordenador da DH da 5ª Região).


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