saúde
Metanol: medo faz alagoanos evitarem beber produtos destilados em bares
Casos de intoxicações levam consumidores a trocar a cachaça pela cerveja
Os alertas sobre possíveis casos de intoxicação por metanol registrados em Alagoas despertaram um clima de alerta e desconfiança entre os consumidores de bebidas alcoólicas. Em Maceió, que registrou o primeiro caso suspeito na última quarta-feira, 8, o receio também tem sido sentido em relação aos destilados, como vodca, cachaça e uísque, que tiveram queda perceptível nas vendas nos últimos dias.
Bares e restaurantes continuam movimentados, mas o comportamento do público mudou segundo Marcus Batalha, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/AL). Mesmo ainda sem dados concretos, Bataha afirma que muitos alagoanos têm substituído os destilados por bebidas fermentadas, como cervejas e vinhos, que são vistas como opções mais seguras e fáceis de rastrear quanto à procedência.
“Em relação ao movimento dentro dos bares e restaurantes, continuam mesmo, não houve uma diminuição significativa. O que está ocorrendo é a diminuição da venda dos destilados, isso de fato está acontecendo. Porém, o cliente está mudando a bebida, ele está migrando para uma cerveja ou um vinho”, explica Marcus Batalha.
Ainda segundo o presidente "o cliente continua indo, ele entende que o bar, o restaurante é um ambiente seguro, mas com certeza, diante de tudo que tá ocorrendo, está com receio em relação a esse consumo e tá optando por outro tipo de bebida”.
Abrasel reforça medidas de segurança
Diante da preocupação, a Abrasel tem intensificado as orientações aos empresários do setor para reforçar o controle sobre o fornecimento das bebidas alcoólicas. A entidade recomenda que todos os bares e restaurantes comprem apenas de distribuidoras credenciadas, com nota fiscal e garrafas lacradas, além de conferir se os produtos possuem o selo do Instituto de Metrologia e Qualidade de Alagoas (INMEQ-AL), conhecido como selo do IPA.
Além disso, a associação tem estimulado a transparência entre comerciantes e clientes, incentivando os consumidores a solicitarem a nota fiscal e verificarem a integridade das embalagens antes de consumir qualquer bebida alcoólica.
Investigações continuam em andamento
As autoridades estaduais também estão em alerta. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e o Instituto de Criminalística de Alagoas seguem investigando a procedência das bebidas contaminadas que deram origem a casos suspeitos de intoxicação no estado. Desde o início da semana, operações conjuntas com a Polícia Civil e o Procon-AL resultaram na apreensão de dezenas de garrafas adulteradas em estabelecimentos e depósitos irregulares.
As investigações apontam que o metanol, substância tóxica usada indevidamente na produção de bebidas falsificadas, pode causar cegueira, coma e até morte quando ingerido. Por isso, especialistas reforçam que produtos sem procedência comprovada não devem ser consumidos em hipótese alguma.
Casos suspeitos em Maceió
A Sesau confirmou, na última quarta-feira, 8, o primeiro caso suspeito de intoxicação por metanol em Alagoas. A vítima é uma mulher de 43 anos, moradora de Maceió, que consumiu bebida alcoólica destilada e está internada na capital. O caso, por outro lado, foi descartado no final da tarde de sábado após análise laboratorial.
Antídotos para tratamento contra metanol
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) também informou que recebeu, na sexta-feira, 10, 84 unidades de antídotos para o tratamento de intoxicações causadas pela ingestão de metanol em bebidas adulteradas. Do total, foram 24 doses de Fomepizol e 60 de Etanol, que ficarão armazenadas para atender possíveis casos em Alagoas.
O envio foi feito pelo Ministério da Saúde (MS), que levou em conta o número de habitantes do estado, com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).