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Vítimas criticam acordo de R$ 1,2 bilhão entre Braskem e governo de Alagoas

Movimento afirma que foi excluído das negociações e aponta falta de transparência
Por Redação 12/11/2025 - 06:25
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AgÊncia Brasil/Joédson Alves
Ruas marcadas com a destruição da mineração da Braskem
Ruas marcadas com a destruição da mineração da Braskem

O Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) divulgou uma nota em que repudia o acordo de R$ 1,2 bilhão firmado entre o governo de Alagoas e a Braskem, alegando que as vítimas do afundamento do solo em Maceió foram novamente deixadas de fora das negociações.

Na nota, o movimento acusa o Estado de repetir o modelo excludente usado pela Prefeitura de Maceió em 2023, quando um pacto anterior destinou R$ 1,7 bilhão ao município sem a participação dos atingidos. “O mesmo Estado que afirmava ter compromisso primeiro com as vítimas, que prometeu transparência e participação popular, reproduz agora o mesmo modelo excludente”, afirma o texto.

O MUVB critica ainda a redução do valor estimado dos danos — que antes era calculado em R$ 30 bilhões — para apenas R$ 1,2 bilhão. “Como um dano de tal magnitude se reduz, de repente, a essa cifra? Que cálculos justificam tamanha renúncia? Isso tudo surge às vésperas de um ano eleitoral, com pressa e conveniência”, questiona o movimento.

Segundo o grupo, o acordo “transforma um desastre humano e ambiental em simples transação financeira e política” e representa uma renúncia aos direitos coletivos das famílias atingidas. “O povo de Maceió, que ainda espera reparação integral e indenizações justas, foi novamente excluído. São os deixados para trás, os abandonados na luta por justiça”, conclui a nota.

Confira na íntegra

O MUVB manifesta profunda indignação diante do acordo firmado entre o Estado de Alagoas e a Braskem, no valor de R$ 1,2 bilhão. O mesmo Estado que afirmava ter compromisso primeiro com as vítimas, que criou uma comissão para tratar do crime da Braskem e prometeu transparência e participação popular, reproduz agora o mesmo modelo excludente da Prefeitura de Maceió. À época, criticou-se o prefeito por não incluir os atingidos nas negociações. 

Hoje, constata-se que o Estado nunca discordou da exclusão — apenas desejava igual tratamento. “Vês o cisco no olho do teu irmão, mas não percebes a trave no teu próprio.” O resultado é um acordo construído sem as vítimas e contra elas, que transforma um desastre humano e ambiental em simples transação financeira e política. A coincidência é reveladora: um valor de R$ 30 bilhões estimados pelo próprio Estado passa a ser de R$ 1,2 bilhão. Como um dano de tal magnitude se reduz, de repente, a essa cifra? Que cálculos justificam tamanha renúncia? Isso tudo surge às vésperas de um ano eleitoral, com pressa e conveniência. 

É fazer pouco da inteligência alheia. O que se esperava como gesto de justiça converte-se em renúncia de direitos coletivos, firmado sem debate público, sem transparência e sem respeito àqueles que carregam as consequências do crime socioambiental todos os dias. Diante disso, impõe-se uma reflexão inevitável: para que serve a política, senão para proteger os mais vulneráveis? Qual o sentido de exercer poder se não for para transformar a dor do povo em causa pública? O povo de Maceió, que ainda espera reparação integral e indenizações justas, foi novamente excluído. São os deixados para trás, são os abandonados na luta por justiça! 

Maceió, 11 de novembro de 2025.


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