JUSTIÇA DE ALAGOAS
Serial killer: "Se alguém tem que ser preso, que seja o Arcanjo Miguel"
Advogado afirmou que Albino dos Santos Lima deveria ser absolvido por agir sob ordens espirituais
Durante o julgamento desta quinta-feira, 13, em Maceió, o advogado Geoberto Bernardo de Lima afirmou que o réu Albino dos Santos Lima, conhecido como “serial killer de Alagoas”, deveria ser absolvido por agir sob ordens espirituais. O promotor Antônio Vilas Boas ironizou a tese.
“Se alguém tem que ser preso, punido, condenado, que seja o Arcanjo Miguel”, disse o promotor, em tom irônico, ao responder à defesa. Geoberto sustentou que Albino é doente mental, mesmo após o laudo psiquiátrico dos autos apontar que ele é considerado normal.
“Vocês que são cristãos, a maioria aqui deve ser cristão, deveriam acreditar no que o Albino diz, no que ele crê”, afirmou o advogado. “Quero dizer que ele merece ser absolvido por isso: não foi ele. Ele apenas executou o que mandou o Arcanjo Miguel”, acrescentou.
“Tenho defendido que o Albino é louco, completamente louco. Quero defender a inimputabilidade dele. Eu não tenho capacidade de contestar o laudo pericial que diz que ele é absolutamente normal”, completou Geoberto Luna.
O advogado alegou que não contesta o laudo, mas a ausência de novas avaliações médicas. O promotor, em questão de ordem, destacou que a defesa não solicitou novos exames. Geoberto respondeu que pretende fazê-lo em momento oportuno.
Albino é acusado pelo feminicídio de Beatriz Henrique da Silva, ocorrido na Rua Cabo Reis, no bairro da Ponta Grossa. Segundo o Ministério Público de Alagoas, o crime foi cometido por motivo torpe, com recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O filho dela, de quatro anos, também foi ferido.
De acordo com as investigações, Albino invadiu a casa da vítima durante a madrugada. A autoria foi confirmada por outro homicídio com o mesmo padrão e por provas como máscaras, luvas, munições e uma pistola calibre .380 apreendida.
A Polícia Científica confirmou que os projéteis encontrados no corpo de Beatriz partiram da arma do réu. Laudos médicos apresentados ao Ministério Público indicaram que ele não possui transtornos psiquiátricos e agia de forma premeditada.
O acusado confessou que seguiu Beatriz por cerca de um ano antes do crime e afirmou que tomou a decisão após o que chamou de “trabalho de inteligência”. O Ministério Público descarta relação dos crimes com uma suposta “limpeza social”.
Com este julgamento, Albino soma cinco júris populares. No último, realizado na quinta-feira, 31 de outubro, ele foi condenado a 27 anos, um mês e 10 dias de prisão pelo feminicídio de Tâmara Vanessa dos Santos e pelas tentativas de homicídio de José Gustavo Carvalho e Leidjane Gomes de Freitas.



