JUSTIÇA
Suspeita de matar médico em Arapiraca o denunciou por violência e abuso
Alan Carlos de Lima foi indiciado por suspeita de abuso sexual contra a filha do casal
A suspeita de matar o médico Alan Carlos de Lima Cavalcante em Arapiraca neste domingo, 16, havia o denunciado por violência doméstica e abuso da filha. Ela foi presa ao tentar fugir para Maceió após o crime em frente à UBS do Sítio Capim.
Segundo testemunhas, a médica desceu de um Jeep e atirou contra Alan, que estava dentro de outro veículo. Registros em vídeo mostram a vítima no carro após os disparos. Após atirar, ela teria afirmado que avisara que cometeria o crime antes de tentar escapar.
O Samu confirmou o óbito no local. Equipes do IC, IML e Polícia Militar atenderam a ocorrência. A suspeita foi levada para Maceió, onde será ouvida pelo delegado plantonista da DHPP, que conduz os primeiros procedimentos.
O médico era réu em ação por violência doméstica e psicológica movida pela ex-esposa, Nádia Tamyres, agora investigada pelo homicídio. A denúncia foi oferecida pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) em junho de 2025 e aceita pela Justiça em setembro.
O processo relata que o casal manteve relação por 22 anos. A médica buscou a Secretária de Estado da Mulher e dos Direitos Humano (Semudh) em dezembro de 2024 e obteve medida protetiva. O documento aponta histórico de agressões relatadas ao Ministério Público.
A denúncia inclui boletim de ocorrência no qual Alan foi indiciado por suspeita de abuso sexual contra a filha do casal. A mãe afirmou ter presenciado o médico tocando a criança, cuja identidade é preservada.
O material encaminhado ao MPAL detalha controle financeiro, impedimentos para estudo, restrições pessoais e ameaças que, segundo a denúncia, ocorriam para evitar o fim do relacionamento. Esses relatos foram anexados ao processo.
A médica relatou também que o ex-marido colocou remédios hospitalares em sua bolsa e gravou vídeo falso para ameaçar expor o conteúdo caso ela buscasse a separação. O registro integra o histórico apresentado ao MPAL.
Relatos de agressões físicas também constam na ação. Em um episódio, após plantão de 36 horas, a mulher afirmou ter sido derrubada ao chegar em casa. Outro caso descrito ocorreu em 2020, quando ela relatou quase ter o braço quebrado em discussão.
Durante a gestação, a médica afirmou que houve conflitos por ser acompanhada por profissional homem. Após o nascimento da filha, segundo a denúncia, esses episódios se intensificaram, compondo o material levado ao Ministério Público.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 -- Central de Atendimento à Mulher -- e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.



