A Serasa Experian divulgou que 57,8% das dívidas negativadas em julho de 2025 foram regularizadas em até 60 dias, ou seja, até setembro. O levantamento, feito pelo Indicador de Recuperação de Crédito dos Consumidores, mostra avanço relevante no ritmo de quitação dos débitos e revela que o setor financeiro apresentou desempenho acima da média, com 59,9% das pendências resolvidas no período.

Segundo a economista-chefe da Serasa, Camila Abdelmalack, o cenário ainda impõe desafios. Ela destaca que, apesar da queda progressiva no número de dívidas, a desaceleração na concessão de crédito dificulta renegociações. “O volume acumulado de pendências e a restrição do crédito no segundo semestre limitam alternativas de reorganização financeira para boa parte da população”, afirma.

Os dados mostram que as dívidas mais recentes têm maior chance de regularização: 71,9% das pendências vencidas há até 30 dias foram liquidadas. Em contrapartida, entre as contas com mais de 180 dias de atraso, o índice de resolução caiu significativamente. Outro recorte revela que dívidas acima de R$ 10 mil tiveram a melhor taxa de quitação (73,3%), enquanto débitos entre R$ 1 mil e R$ 2 mil registraram o pior desempenho (55,3%).

A forma de comunicação com o consumidor também influenciou os resultados. As cobranças feitas por meios digitais tiveram taxa de regularização de 64,5%, contra apenas 49,6% dos avisos enviados por carta. Para Abdelmalack, o dado confirma a mudança de comportamento: “Os canais digitais oferecem agilidade e acessibilidade. A carta ainda tem papel relevante em regiões menos digitalizadas, mas a tendência de digitalização é irreversível.”

Nordeste lidera recuperação; Alagoas registra 57,1%

No recorte regional, o Nordeste apresentou o melhor desempenho do país, com 60,6% das dívidas liquidadas em até 60 dias. Em seguida aparecem o Sudeste (58,6%), Sul (55,9%), Centro-Oeste (54,7%) e Norte (52,6%).

Entre os estados, Rio de Janeiro (66,5%) e Ceará (66,3%) lideraram a regularização. Alagoas registrou recuperação de 57,1%, acompanhando de perto a média nacional. Já o Distrito Federal teve o pior índice do país, com 41,5%.

Os dados reforçam a importância crescente da comunicação digital e das estratégias de renegociação para evitar o prolongamento da inadimplência e ampliar a capacidade de recuperação do crédito entre os consumidores.