Aviação em risco
Alagoas registra 22 colisões entre aves e aeronaves em dez anos
Último acidente ocorreu em julho deste ano com aeronave da Azul no Aeroporto de Maceió
Levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) aponta que o Brasil registrou 5,1 mil ocorrências de colisões entre aves e aeronaves comerciais regulares, conhecidas como bird strike, entre 2022 e 2024. Este ano, porém, houve crescimento de 32% no número de registros no primeiro semestre, com mais de 1,1 mil ocorrências, frente a 869 no mesmo período de 2024.
Em Alagoas, 22 acidentes envolvendo colisão com pássaros foram registrados na última década, segundo dados do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, uma ferramenta desenvolvida pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB).
O número só é superior ao registrado no Rio Grande do Norte, com 7 casos, e em Sergipe com 13 incidentes. No total, tripulantes de aeronave na região Nordeste reportaram nos últimos 10 anos 404 casos de colisões com pássaros. A aviação cearense enfrentou 67 colisões; Bahia: 122; Maranhão 30; Paraíba 26; Pernambuco 85; Piauí 33; Rio Grande do Norte 7; e Sergipe 13.
Os dados nacionais se referem à aviação comercial regular em aeroportos do País e indicam uma média de uma colisão a cada cinco horas. As colisões têm reflexo direto na operação aérea. A estimativa é de que cerca de 27 mil passageiros sejam afetados por ano em razão do cancelamento de aproximadamente 100 voos.
O último acidente registrado em Alagoas ocorreu no dia 22 de julho deste ano no Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares. A colisão com pássaro (bird strike) afetou um voo da Azul (AD2255) que tinha como destino São José do Rio Preto (SP).
O piloto fez o retorno preventivo da aeronave, que passou por inspeção e liberação para seguir viagem, sem feridos. O choque com a ave foi relatada pelo piloto após a decolagem.
As ocorrências resultam em atrasos e cancelamentos que exigem das companhias aéreas o cumprimento da Resolução nº 400 da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil, que prevê assistência como alimentação e hospedagem. O custo anual, incluindo manutenção e indisponibilidade de aeronaves, é estimado em R$ 200 milhões.
O estudo mostra que 80% dos casos acontecem nos primeiros minutos após a decolagem ou durante a aproximação para o pouso, fases da operação que ocorrem fora do sítio aeroportuário, dentro da Área de Segurança Aeroportuária (ASA). Em 8% das ocorrências, houve danos às aeronaves, com impacto na programação de voos.
Para a Abear, o enfrentamento do problema passa pela regulamentação da Lei nº 12.725/2012, que trata do controle de fauna nas imediações de aeródromos.



