xadrez político
Analista aponta baixa renovação na disputa pela Câmara Federal em 2026
Segundo Marcelo Bastos, estrutura partidária e emendas favorecem a reeleição da maioria
A eleição de 2026 para a Câmara dos Deputados em Alagoas tende a repetir um padrão já observado em pleitos anteriores: baixa renovação e ampla vantagem para quem já ocupa mandato. A avaliação é do professor e analista político Marcelo Bastos, feita durante o quadro Momento Político, divulgado em seu perfil nas redes sociais.
Ao analisar o cenário dos nove deputados federais eleitos em 2022, Bastos afirma que o atual modelo eleitoral, aliado à força das estruturas partidárias, das bases municipais e, principalmente, ao volume de recursos disponíveis por meio das emendas parlamentares, cria um ambiente pouco favorável à renovação.
Cada deputado dispõe hoje de cerca de R$ 40 milhões por ano em emendas impositivas — o que pode chegar a aproximadamente R$ 160 milhões ao longo do mandato. Além disso, há acesso às emendas de bancada, que variam entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões por parlamentar, além das emendas de comissão, acessíveis àqueles com maior poder de articulação política.
Diante desse cenário, Bastos divide a atual bancada federal alagoana em dois grupos. No primeiro estão os deputados que ultrapassaram a marca de 80 mil votos em 2022, considerados em situação confortável para a reeleição. No segundo, estão aqueles que obtiveram menos de 70 mil votos e que, segundo a análise, precisarão ampliar articulações políticas e eleitorais para manter o mandato.
Ainda assim, o analista avalia que a tendência é de renovação mínima. Mesmo parlamentares com desempenho eleitoral mais modesto podem se manter competitivos graças à visibilidade adquirida, ao apoio de prefeitos, à influência regional e à força das estruturas partidárias.
Deputados com mais de 80 mil votos
No primeiro grupo estão Arthur Lira, Alfredo Gaspar, Luciano Amaral, Marx Beltrão e Isnaldo Bulhões. Arthur Lira (PP) foi o deputado federal mais votado de Alagoas em 2022, com mais de 219 mil votos, impulsionado pelo fato de ocupar a presidência da Câmara dos Deputados. Para 2026, não deve disputar a reeleição, já que é pré-candidato ao Senado. Segundo Bastos, há a possibilidade de transferência de capital político para o filho, o que reforça a leitura de um modelo político marcado pela hereditariedade, comum em estados como Alagoas.
Alfredo Gaspar (União) foi o segundo mais votado em 2022 e teve desempenho expressivo em Maceió, maior colégio eleitoral do estado. Atualmente com atuação destacada no campo da direita, ganhou projeção nacional ao ser escolhido relator da CPMI do INSS. Para Bastos, caso dispute novamente a Câmara, deve figurar entre os mais votados. Se optar pelo Senado, pode repetir o desempenho de Rodrigo Cunha em 2018 e liderar a votação.
Luciano Amaral (PSD), terceiro colocado no último pleito, mantém uma base eleitoral sólida e segue como nome competitivo. Já Marx Beltrão (PP), quarto colocado em 2022, caminha para o quarto mandato. Apesar de não contar mais com o apoio do ex-prefeito Júlio Cezar, de Palmeira dos Índios, conseguiu reunificar a família Beltrão, incluindo o apoio do prefeito de Coruripe e presidente da AMA, Marcelo Beltrão, o que fortalece sua candidatura.
Isnaldo Bulhões (MDB) fecha o grupo dos mais votados. Com forte influência no Sertão, especialmente em Santana do Ipanema, é líder do MDB na Câmara e relator do Orçamento da União. Além disso, conta com o apoio direto do grupo político dos Calheiros, o que, segundo Bastos, garante ampla vantagem na disputa pela reeleição.
Deputados abaixo de 70 mil votos
No segundo grupo estão Paulão, Daniel Barbosa, Fábio Costa e Rafael Brito. Paulão (PT) foi o sexto mais votado em 2022, com pouco mais de 65 mil votos. Segundo Bastos, sua situação se tornou mais delicada após perder o comando do PT em Alagoas e espaço na estrutura estadual. Além disso, a saída de Luciano Amaral da federação partidária que favorecia o PT fragilizou ainda mais o cenário. Sem uma chapa competitiva, sua reeleição se torna incerta.
Daniel Barbosa (PP) ficou em sétimo lugar na última eleição. Apesar de uma atuação discreta na Câmara, conta com o peso político do pai, o prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, gestor do segundo maior colégio eleitoral do estado. No entanto, disputas internas no município, especialmente envolvendo a vice-prefeita e aliados locais, podem impactar seu desempenho em 2026.
Fábio Costa (PP) foi o oitavo colocado em 2022, com pouco mais de 60 mil votos. Em Maceió, maior colégio eleitoral do estado, teve desempenho expressivo e mantém forte presença entre o eleitorado conservador. Caso Alfredo Gaspar dispute o Senado, parte desse eleitorado tende a migrar para Fábio Costa, fortalecendo sua candidatura à reeleição.
Rafael Brito (MDB) fechou a lista como nono colocado, com pouco mais de 58 mil votos. Ganhou visibilidade recente após disputar a prefeitura de Maceió, ampliando seu reconhecimento popular. Além disso, possui forte influência na área da educação estadual, especialmente com programas como o Escola 10 e o Pé-de-Meia, o que, segundo Bastos, amplia suas chances de reeleição.
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