LAVA JATO
Prisão temporária de presos na 20ª fase da Lava Jato vence nesta sexta

A prisão temporária de Roberto Gonçalves, ex-gerente executivo da Petrobras, e de Nelson Martins, suposto operador financeiro, vence nesta sexta-feira (20).
Os investigados foram presos na 20ª fase da Lava Jato no estado do Rio de Janeiro e estão detidos na superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba. Eles devem prestar depoimento à PF na manhã desta sexta.
A prisão temporária tem prazo de cinco dias, podendo ser prorrogada pelo mesmo período ou convertida em preventiva - sem prazo definido. O pedido de prorrogação ou conversão pode ser feito pela PF ou pelo Ministério Público Federal (MPF) e depende da autorização da Justiça. Caso nenhum dos órgãos faça o pedido, os presos serão soltos.
Roberto Gonçalves e Nelson Martins são suspeitos de participação no esquema criminoso de fraude, corrupção e desvio de dinheiro. O objetivo da 20ª etapa da operação é buscar provas documentais sobre crimes cometidos dentro da petrolífera.
James Walker Junior, advogado que representa Roberto Gonçalves, explicou que o cliente participava tecnicamente dos contratos firmados pela Petrobras.
"Todas as gerências de todas as diretorias participam de todos os contratos da Petrobras. E ele, como um técnico, participou tecnicamente de todos estes contratos (...) Mas ele não teve ingerência em todos esses contratos", disse o advogado.
O advogado disse também que vai esperar ter acesso à decisão da Justiça Federal de prender Roberto Gonçalves para analisar se vai recorrer ou não. O G1 não conseguiu contato com a defesa de Nelson Ribeiro.
OPERAÇÃO CORROSÃO x REFINARIAS
A 20ª fase da Operação Lava Jato cumpriu 18 mandados, sendo dois de prisão temporária e 11 de busca e apreensão. A Justiça Federal ainda concedeu cinco mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento – todos relacionados a ex-funcionários da Petrobras.
O nome desta fase da Lava Jato, "Corrosão", faz menção à luta diária da Petrobras para combater os desgastes nas plataformas. "Pasadena, por exemplo, é conhecida como ruivinha justamente pelo nível alto de corrosão. Mas o termo que nós nos referimos é justamente o que a corrosão causa no empresário, na população e em políticos".
São ex-gerentes da Área Internacional e ex-profissionais do setor de inteligência que, de acordo com as investigações, receberam valores indevidos de representantes de empresas com contratos relacionados às refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e Pasadena, nos Estados Unidos.
"Há notícias de pagamento de propina para elas. Assim como o Paulo Roberto Costa já tinha dito que recebeu propina no caso Pasadena, hoje nós temos o nome de inúmeros funcionários que receberam propina. A tramitação desse projeto é muito estranha e nós estamos aprofundando as investigações", afirmou o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Carlos Fernando dos Santos Lima, referindo-se ao caso Pasadena, que gerou um prejuízo de US$ 792,3 milhões à Petrobras.
Os documentos apreendidos, de acordo com o MPF, estão relacionados às irregularidades em Pasadena. A intenção é buscar o ressarcimento dos cofres públicos.
Carlos Fernando ainda afimou que é sabido que diversos funcionários da estatal têm contas bancárias no exterior. "Nós sabemos que muitos funcionários na Petrobras têm contas no exterior e nós vamos buscá-las”
Os investigados devem responder, por exemplo, por corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. De acordo com o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, há elementos para caracterizar uma razoável suspeita de que ex-funcionários tenham se envolvido no esquema de corrupção na petrolífera.
Para o delegado federal Igor Romário de Paula, esses ex-funcionários investigados deveriam trabalhar para evitar casos como o de Pasadena.
Quanto ao operador, o delegado afirmou que a investigação chegou até ele devido às movimentações financeiras nas contas de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.
"Primeira vez que ele vai vir a público, porque as provas ficaram mais contundentes, principalmente, pelas movimentações nas contas de Paulo Roberto Costa", afirmou o delegado.
Costa foi condenado pela Justiça por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras e atualmente cumpre regime semiaberto diferenciado. Ele ainda é réu em outras ações penais no âmbito da Lava Jato.
Fonte: Veja