BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA
Alagoanos estão entre as 200 personalidades homenageadas por centrais sindicais
Graciliano Ramos, Teotônio Vilela, Marta e Manoel Fiel Filho integram lista; confira todos os nomes
O coração de D. Pedro I foi trazido de Portugal para a comemoração dos 200 anos de Independência do Brasil, mas o que tem tocado os corações dos brasileiros são os projetos Brasil em 200 Nomes e Brasil em 200 obras, iniciativas das centrais sindicais em homenagem ao bicentenário do País.
Para os alagoanos, a emoção é ainda maior por ver figurar entre a lista seus filhos ilustres Graciliano Ramos, Teotônio Vilela, a jogadora Marta e o operário Manoel Fiel Filho, morto pela ditadura. As obras de Graciliano Ramos, Carlos Diegues, Jorge de Lima e Nise da Silveira também figuram entre as celebridades em destaque.
Um detalhe chama a atenção. Entre os alagoanos inseridos na lista, dois são do município de Quebrangulo, na região do Agreste do estado: Graciliano Ramos e Manoel Fiel Filho. Mestre Graça nasceu Graciliano Ramos de Oliveira em 27 de outubro de 1892 e faleceu em 20 de março de 1953 no Rio de Janeiro. Romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista do século XX ficou mais conhecido por sua obra Vidas Secas. É considerado o melhor ficcionista do Modernismo e o prosador mais importante da Segunda Fase do Modernismo.
Seus livros foram traduzidos para vários países e Vidas Secas, São Bernardo e Memórias do Cárcere foram levados para o cinema. Filho de Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos era o primogênito de 15 filhos, de uma família de classe média. Em 1928 foi eleito prefeito de Palmeira dos Índios, renunciando em 1930.
METALÚRGICO FIEL
Em janeiro de 1976, o DOI-Codi sequestra e mata Manoel Fiel Filho e diz que o metalúrgico cometeu suicídio. Manoel nasceu em 7 de janeiro de 1927, saiu de Quebrangulo em 1950 em busca de uma vida melhor em São Paulo. Foi pedreiro e cobrador de ônibus antes de se tornar metalúrgico. Embora a família não soubesse, ele era responsável pela difusão do jornal a Voz Operária, do Partido Comunista Brasileiro, e pela organização do partido entre os operários das fábricas do bairro da Mooca, na região leste da capital paulista. Em 17 de janeiro de 1976 ele foi assassinado. Deixou a viúva e duas filhas.
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MENESTREL DAS ALAGOAS
Teotônio Brandão Vilela nasceu em 28 de maio de 1917, em Viçosa, zona da Mata de Alagoas. Filho de usineiro, andou pelo Brasil durante um período da ditadura militar lutando pela democracia e mais especificamente pela anistia política. Também foi um nome importante no movimento Diretas Já.
Em 1954 que se elegeu para a Assembleia Legislativa de Alagoas. Seis anos depois, tornou-se vice-governador na chapa do general Luiz Cavalcante. Foi senador. Teotônio morreu em 27 de novembro de 1983, vítima de câncer. O alagoano não viveu para ver o Brasil voltar a escolher presidente em 1989, mas deixou um legado de luta pela liberdade. Em seu discurso de despedida do Senado, em novembro de 1982 disse que “a vida política continua comigo. Quanto ao demais, prosseguirei na minha vida de velho menestrel, cantando aqui cantando ali, cantando acolá”.

RAINHA MARTA
Marta Vieira da Silva nasceu em 19 de fevereiro de 1986 em Dois Riachos, Alagoas. A atleta foi considerada a melhor jogadora do mundo por seis vezes, batendo recordes entre homens e mulheres. A alagoana, que é conhecida como rainha do futebol, teve infância humilde junto de três irmãos e a mãe dona Tereza.
Ainda criança, Marta gostava de jogar com os garotos em sua terra natal. Era a única menina no grupo. Para ajudar no sustento da casa, ela trabalhava de “carroçagem” na feira da cidade. Da categoria de base do CSA, aos 14 anos foi sozinha para o Rio de Janeiro, onde foi aprovada em treino do Vasco. A rainha do futebol voou alto e teve trajetória, além do Brasil, nos clubes da Suécia e Estados Unidos. Em 2007 Martha ajudou a Seleção Brasileira a chegar pela primeira vez numa final de Copa do Mundo. Em 2014, a alagoana ganhou o Memorial Rainha Marta, no Estádio Rei Pelé.

200 OBRAS
Além dos 200 Nomes, o projeto apresenta 200 Obras Brasileiras, entre música, literatura, artes plásticas, que retratam o povo e o trabalhador brasileiro. Alagoas foi contemplado com Vidas Secas, de Graciliano Ramos; Invenção de Orfeu, Jorge de Lima; Museu de imagens do inconsciente, Nise da Silveira, e os filmes Bye Bye Brasil e O Maior Amor do Mundo, ambos de de Carlos Diegues.
A lista engloba políticos, estadistas, cientistas, artistas, lideranças sociais, religiosas e militares, militantes políticos, ativistas, juristas, atletas, filantropos, sindicalistas e ambientalistas, entre outros representantes de vários segmentos que fizeram a diferença na construção da identidade do povo brasileiro e no desenvolvimento do Brasil, desde 1822.
Confira os 200 nomes e as 200 obras na íntegra em PDF na Galeria de Arquivos