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Dólar e Real, relação de altos e baixos
Em sessão positiva também em Nova York, onde os ganhos chegaram a 1,28% (Nasdaq) no fechamento do dia, o Ibovespa retomou a trajetória que havia sido interrompida ontem por moderada realização de lucros, vindo então de oito avanços seguidos. Hoje, a referência da B3 oscilou entre 108.188,17 e 109.773,75 pontos, saindo de abertura aos 108.194,11 pontos.
Ao fim, mostrava alta de 1,17%, aos 109.459,95 pontos, com giro financeiro a R$ 39,7 bilhões, relativamente moderado para um dia de vencimento de opções sobre o índice. Na semana, o índice volta a subir (+0,92%), elevando os ganhos do mês a 4,81% - no ano, ainda perde 0,25%.
Na ponta do Ibovespa - no maior nível desde 16 de fevereiro (109 941,46) -, destaque para as aéreas Azul (+14,89%) e Gol (+9,02%), além de Renner (+9,66%), com o dólar à vista em baixa de 0,17%, a R$ 4,9345, no fechamento. No lado oposto, IRB (-8,40%), Minerva (-2,88%) e CPFL (-2,39%). Entre as blue chips, Petrobras (ON -0,62%; PN -2,43%, terceira maior perda do Ibovespa) devolveu parte dos ganhos do dia anterior, quando o mercado reagiu bem à alteração na política de preços da estatal, que anunciou ontem e efetivou hoje cortes para gasolina , diesel e gás de cozinha.
"Diferentemente de ontem, hoje a Petrobras recuou com os investidores avaliando, com cuidado, a proposta para a política de preços. Algumas casas chamam atenção para possíveis riscos quanto a eventuais prejuízos com a variação dos preços do petróleo. Por outro lado, as aéreas subiram bem: o cenário é de inflação em queda e com o governo atuando para que os preços dos combustíveis caiam, combinação perfeita para o setor", diz Judah Nunes, especialista da Blue3 Investimentos.
Vale ON (+3,31%) também mostrou boa recuperação, assim como o setor metálico (destaque para CSN ON +4,33%), em dia no qual o minério de ferro subiu quase 3% na China (Dalian), vindo de um período de enfraquecimento em meio a resultados piores do que o esperado para indicadores de atividade no país asiático, como os referentes às vendas do varejo e à produção industrial, que acendem o risco de deflação na segunda maior economia do mundo.
Em outra frente, a perspectiva externa é amparada por alguns sinais de que os Estados Unidos estejam mais próximos a uma solução do impasse sobre o teto da dívida pública americana. Hoje, o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, disse estar "mais otimista" de que um acordo venha até o fim da semana.
Na B3, além de Vale e do setor metálico, destaque também na sessão para o "movimento comprador" nas ações de varejo, com a leitura acima do esperado para as vendas do setor em março, divulgada pela manhã, observa Stefany Oliveira, head de análise de trade na Toro Investimentos.
Aqui, o recuo observado na curva de juros doméstica tem sido essencial para a retomada do Ibovespa, que saiu dos 102 mil pontos, no dia 4 de maio, para os 109 mil no fechamento da primeira quinzena de maio, e agora busca os 110 mil, um nível ainda "razoável, confortável" para a Bolsa, que tem refletido a expectativa para cortes da Selic à frente, em meio à acomodação de leituras sobre a inflação inclusive em métricas como as dos IGPs, aponta João Piccioni, analista da Empiricus Research.
Para seguir adiante, contudo, a tendência é de que o Ibovespa espere por novos sinais de acomodação da inflação, bem como por números de atividade e resultados das empresas, que se coadunem com a expectativa propícia a que os juros, de fato, sejam reduzidos no segundo semestre. "Nos Estados Unidos, embora permaneçam dúvidas quanto ao momento em que os juros começarão a ser cortados por lá, há também acomodação da inflação e a percepção, agora, de que o Federal Reserve conduzirá a um 'soft landing', sem recessão."
De qualquer forma, observa o analista, quando se tem a correlação do momento, com petróleo e dólar em alta no exterior, assim como a taxa de juros dos Treasuries de 10 anos e os índices de bolsa (Dow Jones +1,24%, S&P 500 +1,19% e Nasdaq + 1,28%, hoje), "tudo ao mesmo tempo", a percepção é de "desbalanceamento".
Dólar
Após ensaiar pela manhã dar continuidade ao movimento de alta de ontem e correr até a máxima de R$ 4,9715 (+0,58%), o dólar se firmou em baixa ao longo da tarde, em meio ao aumento do apetite ao risco no exterior diante de sinais de resolução do impasse em torno do teto da dívida dos EUA. Depois de descer até mínima a R$ 4,9240, o dólar encerrou a sessão cotado a R$ 4,9345, em queda de 0,17%, levando as perdas em maio a 1,06%.
Segundo operadores, passado o movimento mais forte de realização de lucros observado ontem, quando o dólar subiu 1,12% e interrompeu sequência de cinco pregões de baixa, investidores mostraram pouca disposição por formação de posições mais fortes.
"Tivemos uma realização de lucros ontem após a queda forte dos dias anteriores, com a expectativa do arcabouço fiscal, mas hoje o dólar variou muito pouco. Eu ainda vejo um viés de baixa para a moeda, mas nada muito relevante", afirma o diretor-executivo de câmbio do Banco BS2, Carlos Eduardo Andrade Jr.
Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente uma cesta de seis divisas fortes - chegou a romper a linha dos 103,000 pontos pela manhã, mas moderou a alta à tarde e girava no fim do dia ao redor dos 102,800 pontos. A moeda americana caiu na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, embora tenha subindo ante o peso mexicano, o principal par do real.
À tarde, o presidente da Câmara dos Representes dos EUA, Kevin McCarthy, afirmou que está "mais otimista" com um acerto em torno do teto da dívida. Segundo McCarthy, o presidente Joe Biden e o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, "finalmente recuaram" da posição de que não negociariam. Isso diminuiu os temores de um eventual calote nos EUA.
"As bolsas lá fora tiveram um alívio hoje com essa questão do teto da dívida. Saindo isso da frente, o apetite global ao risco deve voltar. Acredito que o real tem espaço para se apreciar mais", afirma Rodrigo Jolig, CIO da Alphatree Capital.
Por aqui, investidores digeriram resultado das vendas do varejo e acompanharam as negociações em Brasília para adoção de regime de urgência para apreciação do projeto de lei complementar do novo arcabouço fiscal. Pela manhã, o IBGE informou que as vendas no varejo subiram 0,8% em março ante fevereiro (com ajuste sazonal), na contramão da mediada de Projeções Broadcast, de queda de 0,2%. Na comparação anual (sem ajuste sazonal), houve alta de 3,2%, bem acima da mediana de Projeções Broadcast (+0,7%).
O avanço nas vendas do varejo ratifica a leitura de que a economia brasileira não desacelera no ritmo previsto pela maioria dos analistas, sugerindo espaço menor para arrefecimento da inflação. Isso alimenta, em tese, as expectativas de que uma redução da taxa Selic, hoje em 13,75%, virá mais para o fim do terceiro trimestre - o que garante taxa de juros real muito atraente aos investidores estrangeiros por mais alguns meses
O BC informou hoje que o fluxo cambial em maio (até o dia 12) é negativo em US$ 881 milhões, resultado de entrada líquida de US$ 1,582 bilhão pelo comércio exterior e saídas líquidas de US$ 2,463 bilhões pela conta financeira. No ano (até 12 de maio), o fluxo cambial total é positivo em US$ 12,436 bilhões.
"Temos visto um fluxo exportador muito grande com a sazonalidade da safra. O agronegócio está gerando uma pressão vendedora no câmbio. E ainda temos fechamentos de operações de câmbio atrasados", afirma o diretor-executivo de câmbio do Banco BS2.
Juros
Depois de passarem o dia em alta, diante da percepção de que a atividade econômica doméstica mais forte pode limitar o espaço para redução da taxa Selic, os juros futuros fecharam praticamente estáveis no pregão desta quarta-feira, 17. A informação de que a Petrobras poderá absorver oscilações de preços internacionais, sugerindo menos inflação à frente, acabou prevalecendo no fim da sessão, véspera de leilão de pré-fixados
Na comparação com os ajustes anteriores, encerraram o dia em alta moderada os DIs para janeiro de 2024 (13,302% para 13,305%), janeiro de 2025 (11,698% para 11,720%) e 2027 (11,237% para 11,240%). O DI para janeiro de 2029 passou a sessão em alta, mas acabou virando na última meia hora de pregão e fechou em queda, de 11,536% para 11,530%. O spread entre os contratos para janeiro de 2025 e 2029, principal medida de inclinação da curva, caiu a -19,5 pontos-base, de -16,2 pontos no ajuste da véspera.
A percepção de que o Banco Central pode demorar mais para começar a cortar a Selic, hoje em 13,75%, foi o principal motor para o aumento dos juros futuros durante a maior parte do pregão nesta quarta-feira. Essa leitura foi reforçada pelo crescimento de 3,6% das vendas do varejo ampliado de março em relação a abril, acima da mediana (-0,5%) e do teto (1,0%) da pesquisa Projeções Broadcast.
"As pesquisas do IBGE para o setor de serviços e o varejo tiveram desempenho melhor do que o esperado em março e mostram que a atividade econômica desacelera mais gradualmente do que o antecipado", escreve o economista-chefe do Banco Fibra, Marco Maciel, em relatório. "Reforçamos nossa avaliação de que o BC manterá a Selic em 13,75% até o final do ano, dada a resiliência da economia e a inflação ao consumidor elevada."
Pouco antes das 17 horas, declarações do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, reduziram o ritmo de alta das taxas À GloboNews, Prates disse que a nova estratégia de preços permitirá que a estatal absorva parte das oscilações de preços internacionais sem repassá-las imediatamente aos consumidores. Com isso, haveria maior flexibilidade para a companhia negociar valores que considere mais competitivos para os combustíveis.
Entre analistas, a avaliação é que essa política sugere menos pressão inflacionária à frente, já que aumentos dos preços do petróleo se transformariam em uma redução da rentabilidade da Petrobras, e não em aumentos dos combustíveis. Na terça-feira, 16, a petroleira anunciou cortes de R$ 0,40 no preço do litro da gasolina, de R$ 0,44 no litro do diesel e de R$ 0,69 no quilo do GLP.
A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, atribui parte da abertura da curva mais cedo também à cautela do mercado com a tramitação do novo arcabouço fiscal na Câmara. O governo pretende aprovar a urgência para o projeto nesta quarta-feira. A votação só foi iniciada minutos antes do fechamento dos mercados domésticos.
"Sabemos que durante essa tramitação algumas alterações podem ocorrer e há até mesmo dúvidas com relação à celeridade da tramitação no Congresso, então há alguma cautela", diz a economista.
Ainda na etapa da manhã, declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também reforçaram no mercado a percepção de que os juros devem continuar em nível contracionista por mais tempo. Na abertura da conferência anual da autarquia, ele disse que o processo de desinflação deverá ser não linear à frente, devido à resiliência dos núcleos e à pressão de segmentos como serviços sobre o IPCA.
O aumento dos rendimentos dos Treasuries também ajudou a puxar a curva local, com altas entre 3,4 e 8,9 pontos-base nas taxas das T-Notes de dois, cinco e dez anos por volta do horário de fechamento dos mercados.
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