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Dólar e Real, relação de altos e baixos
O dia foi de variações contidas para o Ibovespa, em viés moderadamente negativo. Sem contar com catalisadores domésticos, em sessão de agenda fraca aqui e sem a referência de Nova York no feriado da Independência dos Estados Unidos, o índice da B3 fechou em baixa de 0,50%, aos 119.076,37 pontos, entre mínima de 118.830,47 (-0,70%) e máxima de 119.677,86, quase correspondente à abertura, aos 119.672,95.
Muito fraco, o giro ficou em R$ 12,7 bilhões na sessão. Na semana e no mês, o Ibovespa avança 0,84% e, no ano, ganha 8,51%
Com alta na casa de 2% para o petróleo nesta terça-feira, o leve avanço de Petrobras (ON +0,24%, PN +0,23%) foi o contraponto às perdas - em geral também discretas - em outros carros-chefes da B3, como o setor metálico (Vale ON -0,50%, Gerdau PN -0,19%) e o financeiro (Santander Unit -2,04%, Bradesco ON -1,01%). Na ponta do Ibovespa, destaque para Pão de Açúcar (+9,94%), MRV (+6,96%) e Braskem (+5,35%), com Rede D'Or (-3,67%), Hapvida (-2,26%), Santander (-2,04%) e Magazine Luiza (-2,03%) no lado oposto.
"Ainda que sem muita ênfase, tivemos um dia de correção para o Ibovespa, que tem flertado com os 120 mil pontos, mas sem conseguir se sustentar acima desse nível. E hoje foi uma sessão sem liquidez internacional, com o feriado nos Estados Unidos", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
No ambiente doméstico, apesar da leitura um pouco acima do esperado para a produção industrial em maio, divulgada de manhã pelo IBGE, alguns pontos de atenção para os investidores contribuíram para o comportamento defensivo ao longo desta terça-feira. "Em Brasília, há muita discussão neste pequeno período que falta para o recesso de meio de ano, e muitas matérias de interesse econômico à espera de votação, como a do Carf, que está 'empatando' outras pautas - além do arcabouço fiscal, que voltou para a Câmara, e a reforma tributária", diz Spiess.
Ele destaca que a relativa "pacificação" do mercado nas últimas semanas, com retirada de prêmios e fechamento da curva de juros, decorreu de melhor ancoragem das projeções para a inflação, com base também na expectativa suscitada pela futura passagem do arcabouço fiscal - e, em um segundo momento, a aprovação de reforma tributária. "É preciso virar essa página do arcabouço e passar para a reforma tributária", acrescenta o analista, chamando atenção para a correlação que prevaleceu nesta terça-feira de baixo volume, com alta do dólar, queda da Bolsa e avanço dos DIs futuros.
Diante da resistência ao projeto de lei do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), líderes partidários consideram que a matéria não deve ser analisada hoje em plenário, como previsto inicialmente. A mudança no calendário pode atrasar a votação de outras pautas, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Tributária e o novo arcabouço fiscal, reportam de Brasília os jornalistas Giordanna Neves e Iander Porcella, do Broadcast.
No exterior, "o nível esticado de preços em que os principais índices acionários nos EUA e na zona do euro encerraram o primeiro semestre, principalmente diante dos PMIs industriais de junho - mais fracos -, tende a favorecer maior cautela em julho, ao deixar os índices propícios a correções", aponta em nota a Guide Investimentos.
Dólar
Após ensaiar uma queda pela manhã, o dólar à vista virou para o lado positivo no início da tarde e encerrou a sessão desta terça-feira, 4, em alta de 0,67%, cotado a R$ 4,8405, com máxima a R$ 4,8468. Segundo operadores, houve um movimento mais forte de realização de lucros e recomposição de posições defensivas na segunda etapa de negócios, em meio ao desconforto com o andamento das pautas econômicas na Câmara dos Deputados.
Com ausência de negócios nas bolsas de Nova York e no mercado de Treasuries, em razão do feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos, a liquidez foi bastante reduzida, o que deixou a formação da taxa de câmbio muito sujeita à influência de operações pontuais. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para agosto movimentou menos de US$ 7 bilhões.
A pauta da Câmara está trancada em razão de impasse em torno da votação do projeto de lei que trata do voto de qualidade do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), medida relevante para que o governo consiga ampliar a arrecadação e cumprir as metas fiscais. Teme-se que haja atraso na aprovação final do novo arcabouço fiscal pela Casa, após mudanças no texto realizadas no Senado, e adiamento para a próxima semana da votação da reforma tributária, inicialmente prometida para esta semana pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O Congresso Nacional entra em recesso parlamentar no próximo dia 18 e retoma os trabalhos em agosto.
Para o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, o ambiente de liquidez fraca exacerba os efeitos de movimentações de realização de lucros e busca por proteção que têm como pano de fundo as negociações para aprovação de projetos na Câmara. "Existe uma pressão para aprovar pautas com rapidez. O temor que é a votação do arcabouço atrase e que a tributária emperre na Câmara", afirma Galhardo, para quem é preciso esperar o pregão de amanhã, quando a liquidez deve ser mais robusta, para saber se a pressão compradora pode se tornar uma tendência.
O deputado Domingos Sávio (PL-MG) afirmou que seu partido vai tentar adiar a análise da reforma tributária. Durante almoço da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), Sávio disse que, se a proposta for para votação no plenário nos próximos dias, a legenda vai apresentar um requerimento para retirada de pauta. Já o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), defendeu um debate mais aprofundado sobre a reforma tributária ante de apreciação em plenário, uma vez que há muitas dúvidas por parte de Estados e municípios. O Republicanos compõe o segundo maior bloco partidário da Câmara, junto com MDB, PSDB e Podemos.
Mais cedo, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou a indicação de Gabriel Galípolo para a diretoria de Política Monetária do Banco Central, além de Ailton Aquino para a diretora de Fiscalização, mas sem impacto relevante nos preços dos ativos. Os nomes ainda precisam passar pelo plenário da Casa
Juros
Após três sessões de queda consecutiva, o mercado de juros passou hoje por uma realização moderada de lucros, amparada nos percalços da tramitação das pautas econômicas na Câmara, que se desenrola num ritmo mais lento do que o esperado, ameaçando a votação da reforma tributária nesta semana. O ajuste em alta nas taxas, porém, se deu num ambiente de fraca liquidez, atribuída à ausência dos mercados em Nova York em função do feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos. Já a sabatina dos indicados a compor a diretoria do Banco Central, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado foi absorvida sem maiores reações nos ativos.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou com taxa de 12,800%, de 12,778% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 10,64% para 10,73%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,11%, de 10,00% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2029 avançou a 10,45%, de 10,35%. O DI para janeiro de 2026, que ontem terminou com taxa em um dígito, hoje voltou para 10,11%, de 9,98% ontem no ajuste.
Sem a referência de Wall Street, a liquidez minguou, com o mercado de DI girando em torno de um terço do volume de contratos da média diária dos últimos 30 dias. "Num dia de feriado em NY que reduz a liquidez, alguns pontos que podem adiar as votações acabam pesando", afirmou o economista-chefe do PicPay, Marco Antônio Caruso, citando por exemplo a falta de consenso sobre o relatório do projeto de lei do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) que pode comprometer a votação prevista para hoje. "Não é nem pelo texto em si, mas sim porque está travando a pauta. Temos pouco mais de uma semana antes do recesso", comentou.
Em paralelo, o governo também tem dificuldades para fechar um consenso em torno da reforma tributária, dadas as resistências dos governadores que estão em Brasília tratando diretamente com os deputados. Domingos Sávio (PL-MG) afirmou que seu partido vai tentar adiar a análise do texto. Segundo ele, se a proposta for para votação no plenário nos próximos dias, a legenda vai apresentar requerimento para retirada de pauta. "Nós temos divergências profundas ou pelo menos ressalvas em todos os ambientes, no comércio, nos serviços, no agro, na área municipalista e nos Estados", justificou.
O avanço das taxas hoje não é visto como mudança de tendência, que segue sendo de alívio nos prêmios de risco na medida em que o cenário para preços e expectativas futuras for permitindo. "A reforma tributária em si ajuda a desatar um nó, mas a melhora que temos visto nas últimas semanas está muito mais relacionada ao quadro para a inflação e a relatos de que os falcões do Copom estariam com postura mais dovish", afirmou o gerente da Mesa de Reais da CM Capital, Jefferson Lima.
A próxima reunião do Copom, em agosto, já deve contar com os votos dos dois indicados pelo presidente Lula para as diretorias do Banco Central, Gabriel Galípolo (Política Monetária) e Ailton Aquino dos Santos (Fiscalização). Ambos já foram aprovados pela CAE do Senado e aguardam a votação do plenário.
As declarações dos indicados durante a sabatina não chegaram a influenciar as taxas. Durante a sabatina, Galípolo disse que o mercado vê com bons olhos o esforço que foi feito até aqui pelas autoridades competentes e que permite os juros cederem ao longo do tempo.
No leilão de NTN-B, o Tesouro trouxe lote grande de papel, de 1,85 milhão, concentrado no vencimento mais curto, 15/8/2028, com 1,25 milhão. A instituição acabou vendendo 1,603 milhão, com lotes sendo absorvidos integralmente somente nos vértices de 2040 e 2060, com 300 mil cada. Para 2028, o Tesouro colocou 1,003 milhão.
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