BOLSA DE VALORES

Ibovespa sobe 0,16%, a 120,1 mil pontos

Dólar cai
Por Estadão Conteúdo 29/07/2023 - 04:20
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Dólar opera em baixa
Dólar opera em baixa

Após a queda de 2,10% ontem, a maior desde o começo de maio, o Ibovespa se estabilizou nesta última sessão da semana, sem encontrar fôlego para apagar a perda que havia se imposto na quinta-feira. Vindo de uma sequência positiva que se estendeu até a última quarta-feira, e iniciada no dia 20, o desempenho de ontem, sozinho, colocava a semana no negativo, depois de um ganho de 2,13% na anterior. Hoje, oscilou menos de mil pontos entre a mínima (119.706,26) e a máxima (120.660,21) do dia, fechando a sessão em leve alta de 0,16%, aos 120.187,11 pontos, com giro bem fraco, a R$ 19,1 bilhões, nesta sexta-feira. Na semana, o índice da B3 ficou perto da estabilidade, mas com sinal negativo (-0,02%).

No mês, faltando apenas a segunda-feira para o encerramento de julho, o Ibovespa ainda avança 1,78%, mostrando um padrão mais contido após o salto de 9% ao longo de junho. No ano, o índice sobe 9,53%. Após a forte correção do dia anterior nas ações da empresa, Petrobras ON e PN tiveram recuperação, respectivamente, de 1,69% e 1,26% nesta sexta-feira, o que contribuiu para mitigar o sinal negativo do Ibovespa na sessão. O índice foi ajudado também pelas ações do setor financeiro, com as de grandes bancos mostrando alta até 1,49% (Itaú PN) no fechamento

Por outro lado, após o balanço do segundo trimestre da mineradora, divulgado na noite de ontem, Vale e o setor metálico foram mal na sessão. A ação da mineradora fechou em queda de 3,96% (mínima do dia no encerramento, a R$ 67,63), com Usiminas e CSN puxando as perdas entre as siderúrgicas nesta sexta-feira, em baixa respectivamente de 5,34% e 2,18%. Usiminas e Vale ocuparam a ponta negativa do Ibovespa na sessão, logo à frente de Pão de Açúcar (-3,88%). No canto oposto, Méliuz (+7,76%), BRF (+7,11%) e Yduqs (+4,87%).

"O dia foi bem morno, com o Ibovespa não sendo carregado para nenhuma direção, ficando muito perto da estabilidade ao longo da sessão. Em contrapartida, todos os DIs abriram um pouco, tanto os mais curtos como os mais longos - um movimento interessante porque o que se viu nos últimos dias foi um cenário algo contrário (a isso). Na B3, Vale basicamente realizou em cima dos resultados trimestrais, que não agradaram ao mercado. E o preço do minério também não ajudou o desempenho do setor", diz Fernanda Bandeira, especialista da Blue3 Investimentos, referindo-se à queda de 2,68% na cotação da commodity em Dalian, China.

Na semana, com a correção desta sexta-feira, Vale devolveu ganhos que havia acumulado e cedeu 0,25% no intervalo, ainda avançando 5,31% no mês.

Destaque da agenda externa nesta sexta-feira, na Ásia, o Banco do Japão decidiu manter os juros, conforme previsto, mas deu, hoje, "um passo no sentido de flexibilizar a política de meta para curva de juros, sinalizando que a inflação, acima da meta de 2%, requer atenção", observa a Monte Bravo Investimentos, em boletim diário. Assim, a Bolsa de Tóquio (-0,40% no fechamento da sessão) se descolou do dia em geral favorável ao apetite por risco no exterior, em especial em Nova York, onde o Nasdaq encerrou esta sexta-feira em alta de 1,90%.

"As inovações relacionadas à inteligência artificial são o tema que continua a impulsionar o Nasdaq, mas esse movimento ganhador precisa ser monitorado de perto, tendo em vista que o cenário econômico nos Estados Unidos ainda requer cautela", diz Fernanda, da Blue3.

Aqui, o mercado financeiro está um pouco mais conservador na avaliação sobre o comportamento das ações no curtíssimo prazo, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa, mas a percepção de ganhos segue amplamente majoritária. Depois de duas semanas com as expectativas se dividindo apenas entre alta e estabilidade, a pesquisa de hoje aponta que, no universo de participantes, 14,29% esperam queda para o Ibovespa na semana que vem, enquanto 57,1% preveem avanço e 28,57%, variação neutra. No último Termômetro, 50% responderam alta e outros 50%, estabilidade.

Juros


Os juros futuros terminaram a sessão perto dos ajustes de ontem e com viés de alta, comportamento que marcou a curva de juros durante todo o dia, mesmo com a agenda cheia no Brasil e no exterior. Mais uma vez, o mercado preferiu evitar a montagem de posições dada a proximidade da reunião do Copom na quarta-feira (2). No balanço da semana, a curva ganhou inclinação, com as taxas curtas e intermediárias acumulando queda e as longas ficando perto da estabilidade ante os níveis da sexta-feira passada.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 era de 12,610%, de 12,590% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 projetava 10,64%, de 10,60%. A taxa do DI para janeiro de 2027 mostrava 10,23%, de 10,20%, e a do DI para janeiro de 2029, passava de 10,61% para 10,63%.

Entre os indicadores econômicos que saíram pela manhã, o destaque foi a taxa de desemprego da Pnad Contínua, que, mesmo caindo a 8%, no piso das estimativas, não teve força para mexer com os preços. Mais cedo, já havia saído a deflação do IGP-M de 0,72%, pouco menor do que indicava a mediana de -0,74% na pesquisa do Projeções Broadcast.

Na segunda etapa dos negócios, a DBRS anunciou elevação da nota de crédito do Brasil de BB (low) para BB, com tendência estável e a ponta longa ensaiou recuo mais firme, mas de forma pontual. Mais tarde, foi a vez da Austin Rating informar que a melhorou a perspectiva do rating do País (BB+) em moeda local, de estável para positiva.

"Acredito que o mercado precificou todas as notícias positivas ao longo dos últimos meses, como a desaceleração da inflação e o novo arcabouço fiscal. Agora, às vésperas do Copom, o investidor está em compasso de espera para verificar se as expectativas irão se materializar no aguardado corte de juros", resumiu a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, acrescentando que a curva tem tido uma resistência no nível de 10%.

Dada a rigidez das taxas, não houve alteração relevante na precificação da Selic na curva, com a aposta de corte de 0,5 ponto para a reunião de agosto ainda aparecendo como majoritária, entre 70% e 75% nos DIs, como também prevalece nas opções digitais, em relação à expectativa de queda de 0,25 ponto

Com a consolidação da expectativa de corte de 0,5 ponto nas mesas de renda fixa, a curva de juros ganhou inclinação na semana. "O upgrade da nota soberana pela Fitch e a surpresa favorável da inflação, tanto com o IPCA-15 cheio quanto nos preços de abertura, indicam otimismo. Este último em especial promovendo aumento do posicionamento do mercado para um corte de 0,50 ponto da Selic no Copom da próxima semana", afirma o Banco Santander, em relatório assinado pela economista Ana Paula Vescovi.

No exterior, os yields dos Treasuries estiveram em baixa, após a desaceleração do índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês) em junho em linha com o esperado reforçar a percepção de pausa no ciclo de alta de juros nos Estados Unidos. A taxa da T-Note de 10 anos voltou a ficar abaixo de 4%.

Dólar


O dólar à vista recuou 0,59% em relação ao real nesta sexta-feira, 28, a R$ 4,7308, acompanhando o movimento de desvalorização global após dados de inflação dos Estados Unidos reforçarem a expectativa de pausa no ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed). Com o resultado, teve a terceira baixa semanal consecutiva em relação à moeda brasileira, de 1,04%. No mês, acumula queda de 1,23% e, no ano, cede 10,40%.

A moeda chegou a cruzar o piso de R$ 4,70 pontualmente durante a manhã, quando caiu à mínima de R$ 4,6966 (-1,30%), no menor nível intradia desde maio de 2022, após o índice de preços de gastos com consumo (PCE) americano - medida de inflação preferida pelo Fed - ter ficado em linha com o esperado em junho Depois, desacelerou a queda, até a máxima de R$ 4,7434 (-0,32%), em meio a relatos de compra por importadores.

Em relatório, a economista-chefe do Santander Brasil, Ana Paula Vescovi, destaca que o real teve na semana até a última quinta-feira, 27, a melhor performance entre as 31 moedas mais líquidas. Isso refletiu a avaliação do mercado de que tanto o Fed como o Banco Central Europeu (BCE) podem não elevar muito mais os juros após as altas de 25 pontos-base desta semana, além de uma redução dos temores com a economia americana.

"Também vimos fatores domésticos apoiando o fortalecimento do real no período, especialmente após a Fitch aumentar o rating de crédito soberano do Brasil para BB (dois níveis abaixo do grau de investimento), de BB-, com a agência notando uma melhora na perspectiva fiscal", afirma Vescovi.

Para o operador de câmbio da Fair Corretora Hideaki Iha, a queda do dólar em relação ao real nesta sessão seguiu a desvalorização global da moeda americana, na esteira do PCE em linha com o esperado e da consolidação da perspectiva de que o Fed deve ter encerrado seu ciclo de aperto monetário. O profissional destaca ainda um movimento técnico de ajuste após a alta de 0,65% vista nesta quinta-feira.

Na semana que vem, o mercado de câmbio deve se ajustar à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que define a taxa básica de juros na quarta-feira, 2. "Eu não acho que a magnitude do corte vá impactar muito. O impacto no dólar vai depender do comunicado: se indicar um corte muito agressivo, podemos ver uma correção para cima. Mas, mesmo assim, o juro real do Brasil é muito alto e o risco-País tem caído, o que pode ajudar a atrair algum investimento", afirma Iha.

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