ECONOMIA
Governo Lula congela R$ 46,6 bilhões em despesas
Medida busca para evitar estouro da meta fiscal em 2024O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) implementou um controle preventivo de despesas que elevou para R$ 46,6 bilhões o esforço fiscal total que os ministérios deverão realizar entre agosto e setembro deste ano. A medida visa evitar o descumprimento das regras fiscais em 2024.
Desse montante, segundo a Folha de S. Paulo, R$ 15 bilhões correspondem ao congelamento já anunciado para compensar o aumento de despesas obrigatórias e a frustração de receitas. Adicionalmente, outros R$ 31,6 bilhões foram travados de forma preventiva pelo governo, com liberação prevista apenas a partir de outubro.
O mecanismo, denominado "faseamento" pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, foi incluído no decreto de programação orçamentária publicado na última terça-feira (30). A regra estabelece limites para o empenho de despesas, dividindo-os em três períodos: até setembro, liberação de até 35% do saldo remanescente; até novembro mais 35% disponíveis; e em dezembro liberação dos 30% restantes.
Segundo cálculos realizados pela Folha de S.Paulo, os ministérios estão autorizados a gastar apenas R$ 17 bilhões em ações de custeio e investimentos entre agosto e setembro. Os R$ 31,6 bilhões restantes permanecerão bloqueados até outubro.
O secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Gustavo Guimarães, afirmou que "esse mecanismo é de prudência no sentido de cumprir a meta". A medida visa proteger o governo contra possíveis riscos fiscais, como uma grande frustração de receitas ou um aumento inesperado de gastos obrigatórios no final do ano.
O objetivo do governo é alcançar um déficit zero, embora o arcabouço fiscal permita um resultado negativo de até R$ 28,8 bilhões este ano. A projeção mais recente da equipe econômica, divulgada em 22 de julho, situa o déficit exatamente neste limite.
A implementação desse controle preventivo gerou reclamações na Esplanada dos Ministérios, uma vez que, na prática, os órgãos estão impedidos de utilizar dois terços de seus limites remanescentes. No entanto, o decreto permite ao Ministério do Planejamento flexibilizar essa trava mediante justificativa, exigindo que os gestores comprovem a necessidade de antecipar um volume maior de empenho de despesas.