Meio jurídico
Quem foi o advogado Sergio Bermudes, que morreu nesta segunda-feira
Jurista ficou conhecido por defender a viúva de Vladimir Herzog contra a ditadura
O advogado e professor universitário Sergio Bermudes, fundador de um dos escritórios mais tradicionais do país, morreu nesta segunda-feira, 27, aos 79 anos, no hospital Copa Star, no Rio de Janeiro. Ele sofria com sequelas da Covid-19 desde 2020 e morreu de sepse respiratória, após sete meses de internação.
Professor da PUC-Rio, da Uerj e da Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas, Bermudes escreveu dezesseis livros e foi juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro por dois anos. Ficou conhecido nacionalmente por defender a viúva do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura militar em 1975, caso que levou à decisão judicial reconhecendo que Herzog foi morto pelo regime, contrariando a versão oficial de suicídio.
Entre os casos mais notórios em que atuou estão as ações sobre a remuneração das cadernetas de poupança nos planos econômicos das décadas de 1980 e 1990. Também participou da revisão do Código de Processo Civil e contribuiu na elaboração da Lei da Anistia.
Discreto e avesso à polarização política, Bermudes manteve postura neutra nos últimos anos. Amigo de Gustavo Bebianno e Paulo Marinho, ligados ao governo Jair Bolsonaro, não apoiou nenhuma candidatura. “Entre Lula e Jair Bolsonaro, eu anulo meu voto”, declarou em 2021.
Católico fervoroso e advogado da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Bermudes era devoto de Nossa Senhora e dedicava parte de seu tempo à Igreja. Apaixonado por música, colecionava mais de 3 mil discos, sendo 117 da cantora americana Ella Fitzgerald, sua favorita.
Em 2021, relatou à Revista Piauí sua luta contra as sequelas da Covid-19, que o deixaram meses em coma e exigiram reabilitação prolongada. “Considero essas sequelas irrelevantes, já que não me impedem de exercer a atividade forense”, escreveu.
O Conselho Federal da OAB decretou três dias de luto pela morte do advogado. Em nota, o escritório Bermudes Advogados afirmou que seguirá “honrando o seu legado de luta pelo direito, por uma sociedade mais justa e pela formação de novas gerações de advogados”.



