Política
PL da Anistia chega à data limite e pode ser enterrado na Câmara
Lideranças reconhecem que dificilmente proposta voltará a ser discutido neste ano
O projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro chegou ao seu ponto decisivo no Congresso Nacional. Segundo o jornalista Cleber Loureiro do ICL Notícias, lideranças da oposição e do governo reconhecem que, se a proposta não for incluída na pauta ainda nesta semana, dificilmente voltará a ser discutida neste ano.
Apuração do ICL mostra que membros da articulação política do Palácio do Planalto avaliam que a reunião entre os dois líderes reduziu ainda mais o ímpeto da base bolsonarista. No campo da oposição, cresce a leitura de que o Brasil poderá sair do encontro com novos acordos econômicos e até com possíveis sinalizações sobre sanções internacionais, o que torna inoportuna a insistência na pauta da anistia.
A urgência da proposta foi aprovada em 17 de setembro, após meses de impasse e intensa pressão de integrantes da oposição. Foram 311 votos favoráveis, 163 contrários e sete abstenções. O regime de urgência permite acelerar a análise do texto com a votação diretamente no plenário, sem passar por comissões.
Ao pautar a urgência, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), justificou que “o Brasil precisa de pacificação e de um futuro construído em bases de diálogo e respeito”. Na quarta-feira, 15de outubro, Hugo foi alvo de vaias e ouviu gritos de "sem anistia" em um evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Rio de Janeiro.
Já o Centrão segue concentrado em recompor o orçamento e garantir a liberação de emendas parlamentares. A prioridade de Arthur Lira é estabilizar as negociações com o Planalto, deixando a anistia em segundo plano. Para o governo, o esvaziamento natural da proposta evita novo confronto com o Supremo Tribunal Federal.
Em conversa ao ICL Notícias, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara, afirmou que ainda tentará incluir o tema na reunião de líderes desta quinta-feira. “Quero incluir na reunião de líderes na quinta, para votar na outra semana”, disse. O parlamentar reconhece, no entanto, que o tempo é curto: “Pra mim, tem que entrar agora. Essa semana é o prazo limite.”
Segundo o jornalista, uma fonte próxima ao presidente da Câmara, Hugo Motta, disse em caráter reservado ao ICL Notícias que “não será essa semana” que a anistia será pautada.
Mesmo que a oposição mantenha a pressão, a avaliação entre aliados e adversários é a mesma: a anistia chegou à sua data limite. Se não avançar agora, a proposta tende a sair de cena e só voltará a ser discutida em um novo contexto político, provavelmente em 2026 como bandeira eleitoral.



