Operação Sem Desconto
Ex-presidente do INSS preso pela PF recebia R$ 250 mil em propina mensal
Alessandro Stefanutto teria recebido valores da Conafer após assumir o comando do instituto
O ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi preso pela Polícia Federal nesta quinta-feira, 13, durante a quarta fase da Operação Sem Desconto, que apura um esquema de descontos ilegais em pensões de aposentados. Segundo a PF, Stefanutto passou a receber propina de R$ 250 mil mensais de uma das entidades investigadas, a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), por meio de empresas de fachada.
A investigação aponta que o valor da propina aumentou significativamente depois que Stefanutto foi indicado para o cargo de presidente do INSS pelo então ministro da Previdência, Carlos Lupi. Antes disso, ele receberia entre R$ 50 mil e R$ 100 mil mensais da mesma entidade.
Servidor da Receita Federal, Stefanutto já havia atuado como procurador-geral federal especializado do INSS entre 2011 e 2017, período em que foi firmado o Acordo de Cooperação Técnica (ACT) usado para realizar os descontos indevidos sem autorização dos beneficiários. Após a primeira fase da operação, em abril, ele foi afastado do cargo pela Justiça e demitido pelo presidente Lula, apesar das tentativas de Lupi de mantê-lo na função.
Além de Stefanutto, foram presos o diretor da Conafer, Tiago Abraão Ferreira Lopes, e outros dois investigados ligados à entidade. O presidente da Conafer, Carlos Roberto Ferreira Lopes, também teve mandado de prisão expedido, mas ainda não havia sido localizado até o fechamento da reportagem.
A PF cumpriu ainda mandados contra Antônio Carlos Antunes Camilo, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como líder do esquema, e contra o ex-procurador-geral do órgão Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho e André Paulo Felix Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS.
Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos contra o ex-ministro José Carlos Oliveira, do governo Bolsonaro, que passará a usar tornozeleira eletrônica, e contra o deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG), presidente estadual do partido.



