Análise
Renan Calheiros acumula 10 derrotas em Maceió com fracasso de Rafael Brito
Coleção de perdas expõe longo histórico de dificuldades eleitorais do MDB na capital
A derrota de Rafael Brito, candidato à Prefeitura de Maceió, para JHC (PL), que conquistou a reeleição, representa mais um revés na longa lista de insucessos eleitorais de Renan Calheiros, líder do MDB em Alagoas, na capital. Esta foi a décima tentativa frustrada do grupo político dos Calheiros em Maceió, desde 1988. Ao EXTRA, o analista político Marcelo Bastos comentou o cenário em que o clã político encontra dificuldades para conquistar o eleitorado maceioense.
“Em todas as disputas para prefeito, quando o MDB lançou candidato próprio ou apoiou outro nome, não tiveram êxito. São exatamente dez eleições sem vitória” - Marcelo Bastos.
A trajetória de derrotas começou em 1988, quando Renan Calheiros foi candidato à prefeitura e perdeu para o ex-senador Guilherme Palmeira, pai do ex-prefeito Rui Palmeira. Em 1992, o MDB apoiou Teotonio Vilela Filho ao Executivo Municipal, que sequer chegou ao segundo turno, e quem saiu vitorioso foi Ronaldo Lessa.
Em 1996, mais uma derrota: desta vez, Kátia Born venceu Heloísa Helena no segundo turno. Na ocasião, o grupo de Calheiros apoiou Albérico Cordeiro, que também não obteve sucesso. Nas eleições de 2000, Kátia Born foi reeleita, sem apoio dos Calheiros. Em 2004 e 2008, foi a vez de Cícero Almeida conquistar o comando da prefeitura, novamente sem aliança com o grupo do senador.
As duas eleições subsequentes, em 2012 e 2016, consagraram Rui Palmeira prefeito da capital. E, em 2020, o atual prefeito, JHC, se elegeu, também fora do círculo de apoio dos Calheiros. O décimo fracasso foi cravado nas eleições de domingo, 6, quando o candidato bolsonarista venceu no primeiro turno.
Qual o motivo da rejeição?
"Renan sempre teve uma postura coerente, lutou pelas Diretas Já e tinha um discurso de esquerda. Mas tudo mudou em 1986, quando decidiu apoiar Fernando Collor, a quem havia criticado na Assembleia Legislativa como 'príncipe da corrupção'." Marcelo Bastos.
Segundo o analista, essa mudança de posicionamento marcou o início do desgaste de Renan Calheiros, principalmente em Maceió. "A partir daí, o eleitorado da capital, que é mais esclarecido, começou a se afastar dos Calheiros.
Enquanto no interior do estado ainda prevalecem os currais eleitorais, em Maceió o cenário é diferente", analisou Bastos, que ainda pontuou que os escândalos envolvendo o nome do senador, como os processos da Lava Jato, aumentaram ainda mais a rejeição ao grupo na capital alagoana.