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Calheiros diz que Lira quer o "poder pelo poder"; impasse das MPs continua

Após reunião com Lira, deputados admitem comissão mista, mas querem mais espaço para a Câmara
Por Com Agências 27/03/2023 - 20:00
Atualização: 27/03/2023 - 20:55
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Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Palácio do Congresso Nacional
Palácio do Congresso Nacional

Deputados admitiram o retorno das comissões mistas, primeira etapa de tramitação das medidas provisórias. A decisão aconteceu após reunião de líderes partidários com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nesta segunda-feira, 27. 

Os parlamentares querem, entretanto, que a Câmara tenha uma maior representação nos colegiados, além de estabelecer prazos para o funcionamento das comissões mistas. Deputados alegam que, além de a Câmara ser subrepresentada nas comissões mistas, os colegiados atrasavam a análise das medidas provisórias.

O Congresso vive um impasse sobre o rito das MPs. Isso porque a Câmara quer que continue vigorando o modelo atual, adotado na pandemia: sem comissão mista (formada por deputados e senadores) e coma tramitação começando pela Câmara. Já o Senado quer o modelo que está na Constituição: MPs passando por comissões mistas. Isso porque os senadores entendem que a tramitação atual dá mais poder à Câmara. 

Lira não quer abrir mão. O ambiente tem sido de tensão com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Mais cedo, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse que Lira não quer cumprir a constituição.

"O que ele está querendo é não cumprir a Constituição, usurpar o poder, a competência do Senado Federal de apreciar medidas provisórias. Ele diz ao governo que está querendo ajudar, mas o Senado não deixa. Isso não é verdade. Ele quer o poder pelo poder para continuar fazendo o que fez com Michel Temer, o que fez com Bolsonaro, e isso, sinceramente, não pode continuar", disse Calheiros durante entrevista ao Uol.

Questionado se Lira admite o retorno das comissões mistas, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que não vê outro caminho. "Eu aposto no diálogo e na solução política", disse Guimarães. "Eu acho que não tem outro caminho que não seja [comissão mista]."

Atualmente, as comissões mistas são compostas por 12 senadores e 12 deputados. Como o número de parlamentares na Câmara, de 513 deputados, é maior que a composição do Senado, de 81 senadores, os deputados defendem uma maior representação da Câmara nas comissões mistas.

A proposta é que a proporção seja de 1 senador para cada 3 deputados, como já é feito em outras comissões mistas do Congresso, como a Comissão Mista de Orçamento (CMO). "O que a gente está propondo é um para três. Hoje é 12 senadores e 12 deputados, isso não faz sentido em comissões mistas", afirmou Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Segundo a parlamentar, essa proposta é "unânime" entre os deputados. A deputada explicou que parlamentares querem definir, dentro do período de 120 dias de tramitação das medidas, quanto tempo haverá para votação na comissão mista, no plenário da Câmara e do Senado. "O prazo de 120 dias é o prazo global. O que estamos discutindo é que dentro de 120 dias qual é prazo da comissão, o prazo da Câmara e do Senado", disse.

O trecho atual diz que uma medida provisória só poderá ser analisada nos plenários da Câmara e do Senado após passar por comissões mistas. 
Os deputados querem suprimir esse dispositivo ou alterá-lo para deixar claro que, se o prazo na comissão mista for extrapolado, o texto possa ser votado diretamente nos plenários das Casas. A regra de prazo seria semelhante ao modelo que já é adotado hoje na tramitação das propostas de emenda à Constituição (PEC) nas comissões especiais da Câmara. Nesse caso, se uma PEC ultrapassa o período de 40 sessões nas comissões especiais, ela pode ser levada diretamente ao plenário da Câmara.

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