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PT vê isolamento do PL e volta a defender Lira como ministro da Agricultura

Petistas enxergam brecha para ampliar diálogo com o agronegócio
Por Redação 08/04/2025 - 07:53
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Lula Marques/ Agência Brasil
Arthur Lira
Arthur Lira

O Partido dos Trabalhadores (PT) avalia que o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, ficou isolado na Câmara dos Deputados ao tentar, sem sucesso, obstruir a votação do Projeto de Lei da Reciprocidade — de interesse direto do agronegócio e estratégico para o governo Lula na disputa comercial com os Estados Unidos.

A manobra de obstrução, que consiste em evitar o quórum para votações e apresentar requerimentos para retirar matérias da pauta, foi adotada pelo PL pelo segundo ciclo legislativo consecutivo. A legenda busca pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para colocar em votação o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. No entanto, líderes de outras siglas sinalizam que a tentativa perdeu força e não deve ganhar adesão nas próximas semanas.

Diante desse cenário, setores do PT enxergam uma janela de oportunidade para reforçar a articulação com o Centrão, bloco parlamentar no qual se concentra grande parte da chamada “bancada do boi”. A aprovação do PL da Reciprocidade aproximou governo e agronegócio, uma vez que a proposta fortalece o Brasil em negociações internacionais e reage ao que o setor chama de “protecionismo verde” adotado por países europeus.

Nesse contexto, líderes petistas voltaram a defender o nome do deputado Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara e nome influente no agro, para assumir o Ministério da Agricultura. A ideia é ampliar o apoio da bancada ruralista ao governo e amenizar desgastes entre o Palácio do Planalto e o setor.

Atualmente, a pasta é comandada por Carlos Fávaro (PSD), alvo de críticas crescentes no Congresso. Já Lira, além de manter forte trânsito no Centrão, tem histórico de articulação com o setor produtivo. Integrantes do PT avaliam que sua nomeação poderia destravar entraves políticos e melhorar a interlocução com a frente parlamentar do agronegócio.

Apesar da articulação, lideranças do agro demonstram ceticismo quanto à ida de Lira para o ministério. Avaliam que, fora da Esplanada, o deputado pode manter interlocução com o governo sem comprometer sua imagem política, especialmente com vistas à eleição de 2026, quando deve disputar o Senado por Alagoas. Em 2022, o parlamentar apoiou Jair Bolsonaro no estado.

Outro episódio que reaqueceu as especulações sobre uma possível nomeação foi a recente viagem de Lira ao Japão, integrando a comitiva oficial do presidente Lula. A missão teve como foco estreitar relações comerciais com países asiáticos, com destaque para a liberação da exportação de carne brasileira à região.

Nos bastidores, o entendimento é que o governo busca transformar as derrotas isoladas do PL em capital político para recompor alianças e fortalecer sua base no Congresso. A presença de Lira na Esplanada, se concretizada, seria mais um passo nessa direção.

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