POLÍTICA
Quem é Angelo Bonelli, deputado italiano que indicou endereço de Zambelli
Ex-deputada foi condenada pela Justiça brasileira a 10 anos de prisão
O deputado italiano Angelo Bonelli, do grupo Alleanza Verdi e Sinistra, afirmou na terça-feira, 29, que foi ele quem entregou à polícia o endereço onde a ex-deputada brasileira Carla Zambelli (PL-SP) estava hospedada em Roma. Procurada pela Justiça brasileira, Zambelli foi presa na capital italiana no mesmo dia.
A informação foi publicada por Bonelli em sua conta no X (antigo Twitter), horas após a prisão. De acordo com a polícia, ela foi levada para uma delegacia e deve ter sua situação analisada pelas autoridades italianas em até 48 horas — podendo ser libertada, extraditada ou colocada em prisão domiciliar.
Em junho, Bonelli já havia formalizado uma cobrança ao governo italiano, pedindo que colaborasse com o Brasil no cumprimento do tratado de extradição entre os dois países. Ele também questionou publicamente a presença de Zambelli na Itália em discurso feito no parlamento na terça-feira, 16.
“Francamente, considero inadmissível que se use a cidadania italiana para se declarar intocável. Isso vale para qualquer cidadão italiano, não somente para aquele que cometeu crimes graves em seu país de origem”, afirmou o parlamentar.
Quem é Angelo Bonelli
Bonelli, de 62 anos, é ativista ambiental e um dos líderes da coalizão de esquerda que faz oposição à primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. Ele foi eleito deputado em 2022 pela região de Imola e atua como secretário da Comissão de Meio Ambiente.
Com forte atuação em causas ambientais, Bonelli já esteve no Brasil, onde se encontrou com a ministra Marina Silva. Em outubro de 2022, publicou uma foto ao lado dela em São Paulo, durante campanha de apoio ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
Em suas redes sociais, também compartilha posicionamentos pró-Palestina e críticas à extrema-direita europeia. À GloboNews, disse ter avisado à polícia após receber a informação de que Zambelli estava em um bairro chamado Aurelio. Policiais foram ao local e a prenderam em um apartamento.
Zambelli e a Justiça brasileira
Carla Zambelli foi condenada em maio pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos e 8 meses de prisão. Ela foi considerada culpada por participação na inserção de mandados de prisão falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça, com a ajuda do hacker Walter Delgatti Neto.
Além da condenação, teve o mandato cassado e foi declarada inelegível por oito anos por divulgar desinformação eleitoral em 2022.
A ex-deputada ainda é investigada em dois inquéritos no STF: o das fake news, que apura ataques a ministros da Corte, e o das milícias digitais, que investiga articulações antidemocráticas após as eleições presidenciais.