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Gaspar aponta movimentação de R$ 20 mi para núcleo familiar em CPMI

Deputado e relator da comissão classifica caso como "grave e imoral" e vê "estrutura organizada"
Por Redação 21/10/2025 - 06:50
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Assessoria
INSS: Alfredo Gaspar diz que aposentados e pensionistas ainda são roubados
INSS: Alfredo Gaspar diz que aposentados e pensionistas ainda são roubados

Durante o depoimento de Tônia Galletti à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS nesta segunda-feira, 20, o relator, deputado Alfredo Gaspar, destacou contradições e levantou suspeitas sobre a movimentação de mais de R$ 20 milhões em favor de um único núcleo familiar ligado ao Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi).

O relator classificou a situação como "grave e imoral," argumentando que o volume de recursos destinados à mesma família "fere valores éticos" e se configura, segundo investigações da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal (PF), como uma "ação organizada para desviar dinheiro de aposentados e pensionistas."

"É uma empresa familiar, mais de 20 milhões de reais pra uma única família. Eu acho que isso vai contra todos os princípios morais," declarou o deputado. "Mas estamos aqui discutindo além de princípios morais, crimes. E o Sindnapi não difere em absolutamente nada de outras entidades associativas que meteram a mão de forma criminosa no dinheiro de aposentados e pensionistas."

Alfredo Gaspar detalhou o que ele chamou de "núcleo familiar" dentro do Sindnapi. O patriarca, João Batista, pai da depoente Tônia Galletti, é um dos fundadores da entidade. Com o sindicato já estabelecido, Tônia Galletti passou a atuar como advogada e coordenadora jurídica ao lado do marido.

Neste período, a entidade se associou a empresas do setor de crédito consignado, como a corretora CMG (BMG) e a Generali. O marido da depoente criou a empresa Eficiente, que teria recebido R$ 2,8 milhões do próprio Sindnapi, além de quase R$ 5 milhões em comissões oriundas de contratos bancários, especialmente com o BMG.

O relator destacou que Tônia Galletti teria sido responsável por redigir as cláusulas do contrato com o BMG, supostamente impondo a Eficiente como contratada obrigatória. "Eu estou vendo aqui, no Sindnapi, o núcleo familiar que, em que pese a depoente não achar nada demais, recebeu mais de 20 milhões de reais," afirmou Gaspar.

"Eles ainda processavam as fichas no escritório que faz o contrato com consignado, diga-se de passagem, casado com a obrigatoriedade, segundo investigações da CGU e da PF, de se associar. Se isso aqui não apontar para uma estrutura organizada que contou de forma criminosa com descontos de aposentados e pensionistas, eu não sei mais aonde a gente vai parar," questionou o relator.

O deputado ainda indicou que outros parentes da depoente teriam criado empresas para prestar serviços ao sindicato. Segundo a apuração do relator, o cunhado de Tônia fundou a empresa Esférica, que recebeu R$ 6 milhões. Uma prima teria aberto um escritório de advocacia com repasses de cerca de R$ 5 milhões. O escritório de Tônia Galletti e de seu marido teria recebido mais de R$ 3 milhões.


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