infraestrutura
Filho apresenta nova política ferroviária e prevê 21 leilões de transportes
Pacote inclui concessões de ferrovias e rodovias, com previsão de R$ 288 bilhões em investimentos
A infraestrutura de transportes do Brasil entrou em uma nova fase nesta terça-feira, 25, com o lançamento da Política Nacional de Outorgas Ferroviárias. O anúncio foi feito pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, durante evento em Brasília, acompanhado de representantes do setor e de instituições financeiras. Segundo o ministro, trata-se da primeira política nacional estruturada para o setor ferroviário, com regras claras de planejamento, governança e sustentabilidade. “Estamos lançando a primeira Política Nacional de Outorgas Ferroviárias e a maior carteira ferroviária da história recente do país. É uma decisão de Estado, algo transformador”, afirmou.
A nova política cria um modelo de financiamento que combina recursos públicos e privados, e abre caminho para oito leilões de ferrovias que somam mais de 9 mil quilômetros de trilhos. Os investimentos previstos chegam a R$ 140 bilhões, com impacto estimado de R$ 600 bilhões no sistema ferroviário ao longo dos próximos anos. O secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, destacou que o setor está mais perto de retomar protagonismo perdido nas últimas décadas. “Ferrovia reduz custo, integra cadeias de produção e aumenta competitividade. Avançamos muito nesses três anos, com uma estratégia sólida e moderna”, disse.
Entre os principais projetos anunciados estão o Anel Ferroviário do Sudeste (EF-118), a Ferrogrão, o Corredor Leste-Oeste, a Malha Oeste e os corredores da Malha Sul. Só a Ferrogrão, que ligará Sinop (MT) a Itaituba (PA), deve gerar mais de 100 mil empregos durante sua implantação. A iniciativa também foi celebrada pelo setor privado. Davi Barreto, diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), afirmou que o mercado vê o pacote com otimismo: “Fazer ferrovia exige visão de longo prazo. O setor está animado com essa agenda”.
O diretor de Planejamento do BNDES, Nelson Barbosa, lembrou que o banco seguirá como financiador central das concessões. “A agenda não só foi retomada, como consolidada. A parceria público-privada tem mostrado resultados consistentes”, disse.
Rodovias: país também terá recorde de leilões
Renan Filho também apresentou o pacote rodoviário para 2026 — um total de 13 novos leilões, que devem gerar R$ 148 bilhões em investimentos. Em três anos, o Ministério dos Transportes já realizou 21 leilões rodoviários, com 10 mil quilômetros concedidos e aportes de R$ 232 bilhões. Um dos projetos mais aguardados é a Rota dos Sertões, que ligará Feira de Santana (BA) a Salgueiro (PE). O leilão está previsto para março de 2026 e deve movimentar R$ 6 bilhões, com obras como duplicações, passarelas e áreas de descanso. A expectativa é gerar cerca de 60 mil empregos na região.
A secretária de Transporte Rodoviário, Viviane Esse, disse que o interesse dos investidores tende a se repetir em 2026. “É uma carteira robusta e madura, com grande potencial de retorno”, afirmou. O pacote inclui ainda seis otimizações contratuais feitas em parceria com o Tribunal de Contas da União (TCU) para modernizar concessões antigas. Com isso, o governo deve alcançar 35 concessões rodoviárias concluídas até o próximo ano — o maior número em uma única gestão.
“O Brasil está aberto ao investimento privado de longo prazo. Existe credibilidade e isso é fundamental. O setor está pronto para participar desse novo ciclo”, destacou Marco Aurélio Barcelos, presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias.



