Mídia: crise na Ucrânia pode significar 'o fim do excepcionalismo norte-americano'

Por Sputnik Brasil 01/05/2025 - 11:57
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© AP Photo / Alex Brandon
Mídia: crise na Ucrânia pode significar 'o fim do excepcionalismo norte-americano'

Em nome do "América em Primeiro Lugar", o presidente dos EUA, Donald Trump, pode acabar presenciando diretamente da Casa Branca o fim do excepcionalismo norte-americano e a consolidação de uma ordem mundial multipolar pós-hegemônica.

Meio século depois da humilhante luta norte-americana no Vietnã quando as forças norte-vietnamitas capturaram Saigon, os EUA enfrentam um dilema semelhante com a Ucrânia. A Rússia conseguiu impedir a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para o Leste Europeu e, segundo um artigo publicado no The Telegraph, se Trump interromper a ajuda militar norte-americana, pode facilitar uma queda de Kiev semelhante à de Saigon.

Os eventos após a queda de Saigon ressaltam as graves consequências de tal abdicação, como o genocídio no Camboja e a consolidação comunista no Laos. Para o autor do artigo, Samuel Ramani, se o governo ucraniano cair durante a crise, a influência russa na região poderia ameaçar países vizinhos. A argumentação do autor, no entanto, é refutada pela contínua colaboração do Kremlin com os EUA para pôr fim à crise diplomática e politicamente e mediante os diversos apelos de Moscou ao Ocidente para que a crise fosse evitada, como a assinatura dos Acordos de Minsk, em 2014.

O autor destaca que uma suposta queda de Kiev poderia levar ao desmoronamento da primazia dos EUA, semelhante ao que ocorreu após a queda do Vietnã do Sul, quando a União Soviética e a China expandiram suas influências.

Segundo o artigo, a ordem mundial se tornaria mais multipolar e poderia gerar uma crise de confiança entre os parceiros ocidentais, dando ainda mais poder à China como uma superpotência alternativa e enfraquecendo a hegemonia norte-americana.

A principal argumentação de Ramani, no entanto, está no fato de que, se a Rússia sair fortalecida da crise ucraniana, a China poderia se aventurar no Indo-Pacífico, intensificando a proliferação nuclear, o que faria com que as promessas de Trump de impedir a Terceira Guerra Mundial soassem vazias.

Os EUA ainda podem evitar uma "Saigon 2.0" em Kiev. A disposição de Trump e do líder russo, Vladimir Putin, de se chegar a um acordo pode mudar os rumos do conflito ucraniano que já se arrasta por mais de três anos.


Por Sputinik Brasil


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