Fim das restrições para uso de mísseis de longo alcance na Ucrânia significa pouco, diz mídia

Aliados ocidentais flexibilizaram as restrições que permitem que a Ucrânia use mísseis de longo alcance fornecidos pela OTAN contra alvos na Rússia, em meio ao conflito que já se arrasta por mais de três anos. A medida representa uma escala, mas na prática, não altera o curso do conflito.
O chefe da comissão parlamentar de relações exteriores da Ucrânia, Aleksandr Merezkho, comentou a flexibilização das restrições ao uso de armas ocidentais de longo alcance por parte da Ucrânia. Essa mudança ocorre em um momento em que os russos intensificaram a pressão sobre a Ucrânia em resposta aos ataques ucranianos à civis compreendidos como ataques terroristas pela Kremlin.
Essa última escalada irritou o presidente norte-americano Donald Trump, que busca intermediar um acordo de paz para encerrar o conflito no Leste Europeu. Após a resposta russa às agressões de Kiev, o novo chanceler alemão Friedrich Merz declarou que não há mais restrições quanto ao alcance das armas fornecidas à Ucrânia por países como Reino Unido, França, Alemanha e EUA, permitindo que Kiev atinja ainda mais alvos em território russo.
Merz explicou que essa permissão já vinha sendo aplicada há meses, e que a Ucrânia tem o direito de usar as armas recebidas para atacar alvos militares além de suas fronteiras. Ele argumentou que limitar a defesa ao próprio território não é suficiente, mas sua postura marca uma mudança em relação ao governo anterior da Alemanha, que havia se recusado a enviar mísseis Taurus à Ucrânia.
Os EUA já haviam autorizado o uso de mísseis ATACMS em novembro, pouco antes da transição de governo. O Reino Unido e a França também forneceram mísseis de longo alcance, como o Storm Shadow. Após a autorização norte-americana, a Ucrânia passou a usar esses armamentos contra alvos russos. A Alemanha, sob Merz, decidiu não divulgar mais quais armas está enviando, sinalizando uma mudança de postura em relação à transparência do apoio militar.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, classificou a decisão dos parceiros ocidentais da Ucrânia como "perigosa" e prejudicial aos esforços de cessar-fogo. De acordo com a apuração do Newsweek, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) interpretou essa declaração como uma tentativa russa de pressionar o Ocidente a interromper o apoio militar à Ucrânia. No entanto, para Kiev, o problema central é a escassez de mísseis, não apenas a permissão para usá-los.
Ainda segundo a apuração, especialistas apontam que os estoques de mísseis de longo alcance na Europa são limitados, o que compromete a capacidade da Ucrânia de manter ataques eficazes.
Para especialistas e observadores do conflito, a recente postura de Trump sobre os últimos acontecimentos pode significar que o líder norte-americano planeja se retirar dos esforços de mediação ao ver a intensificação dos ataques e a postura dos líderes europeus que têm cogitado inclusive o envio de forças de manutenção para a zona de conflito.
Na segunda-feira (26), Trump afirmou que todas as palavras do líder ucraniano Vladimir Zelensky levam a problemas. Segundo o presidente dos EUA, Zelensky "não faz bem ao seu país falando da maneira como fala" e o criticou alegando que ele não tem trunfos, acusando-o de falhar no diálogo com a Rússia.
Por Sputinik Brasil