Astrônomos detectam enorme bolha de poeira e gás que modelos atuais não podem explicar (FOTOS)

Nas profundezas do espaço, uma estrela gigante moribunda "soprou" uma bolha de poeira e gás de tamanho extraordinário que levantou questões entre os cientistas.
Nenhuma estrela conhecida deveria criar tais estruturas. Esta bolha gigante, do tamanho de metade do nosso Sistema Solar, tornou-se um verdadeiro enigma cósmico, desafiando o conhecimento sobre a última fase da vida das supergigantes vermelhas.
As supergigantes vermelhas são estrelas massivas, as maiores das existentes, verdadeiras titãs do Universo. Este é um dos últimos estágios na evolução de uma grande estrela, que ocorre quando a massa da estrela está entre dez e 40 massas solares. Esta fase dura de 10 a 100 milhões de anos, depois termina com uma explosão de supernova tipo II, criando na sequência disso um buraco negro ou estrela de nêutrons.
Antes de terminar sua vida numa explosão, tais estrelas inflam rapidamente, aumentando em tamanho com dimensões atingindo um raio de 200-1.500 vezes o do Sol. Durante este período, o astro perde matéria, liberando enormes fluxos de gás e poeira no espaço circundante. Esta matéria forma uma bolha em torno da estrela – um ambiente circumestelar. Os astrônomos estudam cuidadosamente estas bolhas para melhor compreender os mecanismos da morte das estrelas.
Normalmente as dimensões e propriedades do ambiente circumestelar correspondem às previsões das teorias baseadas no brilho e na massa da luz.
No entanto, a descoberta feita por uma equipe internacional de astrônomos, liderada por Mark Siebert da Universidade de Tecnologia Chalmers na Suécia, está completamente fora dos parâmetros.
Observando a supergigante vermelha DFK 52 com a ajuda do radiotelescópio ALMA no Chile, os cientistas descobriram um ambiente circumestelar de tamanho extraordinário à sua volta. O próprio objeto está localizado a cerca de 20.000 anos-luz da Terra, no aglomerado disperso massivo jovem Stephenson 2.
A bolha de gás e poeira que rodeia o DFK 52 tem um diâmetro incrível, cerca de 50.000 unidades astronômicas. Uma unidade astronômica é a distância da Terra ao Sol (149,6 milhões de quilômetros). Ao comparar com o nosso próprio Sistema Solar, isso é cerca de metade do seu diâmetro.
Mas o tamanho não é o único mistério. DFK 52, que criou esta bolha gigante, em si é uma estrela relativamente turva para uma supergigante vermelha. Sua luminosidade é baixa. A estrela simplesmente não tem energia para ejetar e dispersar uma quantidade tão enorme de matéria no espaço circundante. Os modelos existentes de supergigantes vermelhas não podem explicar a origem da "bolha-monstro".
De acordo com Siebert, a bolha em torno de DFK 52 tem uma geometria extremamente complexa que os astrônomos ainda não podem explicar, nem reconstruir toda a estrutura tridimensional da bolha.
Usando o ALMA, os cientistas descobriram outro detalhe sobre a bolha em torno de DFK 52. Dentro da esfera gigante eles encontraram um fluxo emaranhado de bolhas menores. Mas o mais interessante é uma divisória em forma de anel, localizada aproximadamente a meio caminho da estrela para a borda externa da bolha. Esta estrutura está se expandindo rapidamente para o exterior a uma velocidade vertiginosa de quase 30 quilômetros por segundo.
A descoberta de uma bolha gigante e inexplicável em torno de DFK 52 não é apenas uma curiosidade astronômica. Ela tem implicações importantes para a compreensão dos últimos estágios da vida de estrelas massivas e o seu grande final – as explosões de supernova.
Por Sputinik Brasil