colunista

Alari Romariz

Atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

O velho sindicato – 2ª parte

26/01/2025 - 06:00
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As eleições para o “Velho Sindicato” estão próximas. Aparecem pretensos candidatos à diretoria da entidade, e precisamos esclarecer aos companheiros algumas dúvidas.

Depois da Constituição Estadual de 1989, os servidores da Assembleia Legislativa conseguiram o direito de fundar seu sindicato. Um grupo coeso e atuante se formou com tal finalidade. Na época, as Mesas Diretoras tudo podiam. Os servidores não tinham vez, nem voz.

A luta começou: o primeiro presidente foi Luciano Aguiar, um bom político que sabia lidar com os arrogantes deputados. As greves se sucediam, e as negociações eram difíceis. Eles, os deputados, prometiam algo e nem sempre cumpriam. Iniciaram, então, as disputas na Justiça. As perseguições eram claras e pesadas. Sofri ameaças de morte e rebaixamento profissional.

O Poder Legislativo recebia o duodécimo e entendia fazer dele o que quisesse. A folha de pagamento crescia mensalmente. Em determinado momento, o Legislativo chegou a cinco mil funcionários ativos, e o duodécimo não parava de aumentar.

Os sindicalistas enfrentaram o Plano de Demissão Voluntária, o famoso PDV. Trouxeram um moço de Brasília, que não conhecia nossa realidade, para administrá-lo. A Assembleia passou sete meses sem que as pessoas inscritas no pedido de demissão recebessem suas indenizações. O sindicato mandou alguém a Brasília, no caso, a presidente, para solucionar o impasse.

Com o PDV, a folha diminuiu, mas os problemas continuaram. Havia o chamado “enxerto” e novos apadrinhados surgiam. Veio mais uma lista para demitir novos servidores. Saíram mais de 700 pessoas. Entretanto, os dirigentes passaram a não respeitar os direitos da categoria. Um dos exemplos mais gritantes é o não pagamento das férias. Depois de muitos anos e várias ações na Justiça, a Mesa Diretora resolveu pagá-las do modo escolhido por ela: selecionava alguns e pagava o que queria. Até hoje, a indenização do terço das férias não voltou ao normal. É uma longa novela!

Nosso “Velho Sindicato” tem um bom patrimônio: a casa-sede, o Clube Legislativo, o plano de saúde e a assistência odontológica. Ainda existem convênios com postos de gasolina e farmácias. Os empréstimos são concedidos a companheiros necessitados de auxílio financeiro.

Como sempre acontece numa casa política, as promoções não são feitas de acordo com a lei. Os dirigentes têm seus afilhados recebendo bênçãos substanciais. A pedido da diretoria do sindicato, algumas benesses são concedidas aos companheiros.

A grande novidade no momento: as pessoas solicitam aposentadoria e são obrigadas a assinar um documento confirmando que a Assembleia nada lhes deve. Uma grande mentira! Existem processos de aposentadoria retidos há mais de um ano. De vez em quando, liberam um ou dois.

O que pretendo mostrar à categoria é o esforço do sindicato junto à Mesa Diretora. A entidade é intermediária, a Justiça é lenta e a Mesa Diretora faz o que quer!

Várias diretorias, neste período de mais de trinta anos, lutaram e pouco conseguiram. Para os servidores, todo presidente do sindicato é ladrão, mas, na realidade, não vejo nenhum deles que tenha ficado rico. Todos continuam vivendo de salário.

Nosso patrimônio diminuiu, pois perdemos a COPAMEDH. Mas a atividade sindical continua firme: a Mesa Diretora faz o que quer, a Justiça continua do mesmo modo, e o sindicato sobrevive.

Companheiros: fiquem bem atentos para tudo que as diretorias do “Velho Sindicato” já realizaram. O nosso problema é a luta com os desmandos das Mesas Diretoras. Não acreditem em promessas mirabolantes. Normalmente, são falsas.

Viva o “Velho Sindicato”!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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