Jornalista de automóveis desde 1967. Edita coluna semanal que leva seu nome desde 1999 em 70 sites, jornais e revistas. Diretor de redação revista Top Carros.

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Anfavea apresenta plano de descarbonização ao governo

14/09/2024 - 06:00

ACESSIBILIDADE


O objetivo é alcançar em 2030 a venda de 1,5 milhão de unidades anuais entre semi-híbridos, híbridos e elétricos. Isso representaria mais de 50% da comercialização total e caminharia para 90% em 2040. As estimativas da Anfavea baseiam-se na evolução do estudo da entidade em parceria com o Boston Consulting Group (BCG), apresentado inicialmente em 2021.

A premissa está correta ao demonstrar a necessidade de um plano menos disruptivo do que evolutivo. Há algumas dúvidas em relação ao aumento do teor de etanol na gasolina (até 35%) e do biodiesel/HVO (até 30%) no diesel. Isso precisará ser mais bem estudado para evitar que exija bombas nos postos diferentes para um e outro combustível. Entretanto, há tempo suficiente para sanar dúvidas e orientar a produção ampliada de biocombustíveis.

Pelas dimensões continentais do país, a alternativa de 100% elétricos perde força frente aos híbridos flex, de modo a se construir um planejamento inteligente e, acima de tudo, realista. O Brasil vem dando lições ao mundo sobre uso inteligente de suas vantagens comparativas ao explicitar emissões de CO2 da fonte à roda, de fato o que mais interessa. Os europeus, por exemplo, preferiram jogar esse problema “para baixo do tapete”, como diz o ditado popular. No entanto, já existem vozes no chamado Velho Continente que entenderam o erro e começam a revisar suas ideias. Estudos do BCG/Anfavea sobre descarbonização serão pormenorizados em encontros com formadores de opinião este mês.

Elétrico Yuan Pro tem estilo, preço e porta-malas ruim


Logo à primeira vista, o SUV elétrico mais em conta da BYD agrada, apesar de um certo exagero nos vincos de carroceria e no aplique um pouco estranho abaixo do parachoque dianteiro. Pormenor curioso: a BYD aparece no alto da tampa do porta-malas, é repetido no canto inferior direito como BYD Yuan Pro e abaixo dos dois espelhos laterais com uma plaquinha BYD Design.

No geral, o carro tem boa presença e dimensões compatíveis com as de um SUV compacto: 4.310 mm de comprimento, 1.675 mm de altura, 1.830 mm de largura e entre-eixos de 2.620 mm. Em termos comparativos, o SUV mais vendido, T-Cross, tem comprimento de 4.199 mm, altura de 1.568 mm, largura de 1.760 mm e entre-eixos de 2.651 mm. A diferença a favor do líder de mercado está no porta-malas de 373 litros, 41% maior que o chinês. Ambos usam estepes temporários.

Bom acabamento, materiais de qualidade e de toque agradável marcam o interior, com revestimento dos bancos em couro claro que, apesar de adequado ao clima tropical, reúne poucos fãs no Brasil. Os dois bancos dianteiros são bem ergonômicos e ambos dispõem de ajustes elétricos. O assoalho traseiro, apesar de plano, é relativamente alto e incomoda. Atrás faltam saídas de ar-condicionado. Na frente, destaques para a tela multimídia de 12,3 pol. e console espaçoso. Faz falta mesmo, porém, recursos de segurança ativa como frenagem autônoma de emergência, alertas de saídas de faixas, de colisão frontal, de ponto cego e de tráfego traseiro transversal, entre outros.

O motor dianteiro de 177 cv e 29,5 kgf·m, apesar da massa de 1.550 kg, é suficiente para acelerar de 0 a 100 km/h em 7,9 s, sem chegar a empolgar. A bateria de 45,1 kWh deveria ser maior: o alcance médio de 250 km, padrão Inmetro, é pouco. O primeiro contato em asfalto e terra foi nas pistas do Haras Tuiuti, a 110 km de São Paulo (SP). Suspensões bem acertadas, volante de autocentralização correta e freios com boa potência, mas o desempenho não é tão fulminante como o de outros elétricos. Preço: R$ 182.800.

Produção cresce e importações continuam a se expandir


Os números positivos refletem tanto uma recuperação do mercado interno quanto de exportações, embora estas ainda claudiquem. No mês passado, foram fabricados 259.613 veículos leves e pesados, com crescimento de 5,2% em relação a julho deste ano e 14,4% frente a agosto de 2023. Esse é o melhor resultado desde o período de pré-pandemia, em outubro de 2019.

Exportações tiveram leve queda de 2,2% sobre julho, porém reagiram 10,8% sobre agosto do ano passado. Em 2024, no entanto, o mercado externo encolheu quase 18% em unidades e 13% em dólares. As importações seguiram caminho inverso e subiram nada menos que 35% nos primeiros oito meses deste ano em relação ao mesmo período de 2023.

Chama atenção o estoque estimado em 86.000 carros elétricos e híbridos, quase todos importados da China, que correspondem a nada menos que nove meses de vendas. O armazenamento é uma estratégia para contornar o aumento gradativo do imposto de importação sobre elétricos. Porém, exige um capital empatado em valores extremamente altos, que marcas de outras origens nem sonham em poder bancar. Essa situação levou ao pedido da Anfavea de antecipação de 2026 para este ano da recomposição do imposto de importação para 35%, hoje em apenas 18%. A chance de o governo federal atender a este pleito é quase nula por desagradar à China. O estoque atual nas fábricas e concessionárias é de 24 dias, sem computar, claro, os elétricos e híbridos chineses.

Em agosto, este é o perfil em vendas de automóveis e comerciais leves (%): gasolina, 3,6%; elétrico, 2,3%; híbrido, 1,9%; híbrido plugável, 2,4%; flex, 80,3%; diesel, 9,6%. Híbridos somados superaram elétricos.

Cappellano, da Stellantis, confirma investimento na Argentina


A decisão de transferir as picapes Fiat Titano e Peugeot Landtrek do Uruguai para a fábrica argentina de Córdoba já era esperada. As instalações uruguaias não permitiam expansão e localização de componentes. O investimento de US$ 385 milhões entre 2025 e 2030 foi anunciado por Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis América do Sul, e inclui também um novo motor diesel no país vizinho. Três quartos das unidades serão exportadas, o que confirma a Argentina como forte contendora em picapes médias de cabine dupla.

Segundo o site Autossegredos, haverá também produção e exportação da nova Ram 1200, substituta da Classic. O motor diesel de 2,2 litros entregará 180 cv e 37,7 ou 40,8 kgf·m, se o câmbio ZF de oito marchas for manual ou automático, respectivamente.

Quanto ao Brasil, o executivo confirmou que dois modelos híbridos “leves” (mais corretamente, semi-híbridos) serão lançados ainda este ano. Inicialmente, a estreia da linha Bio-Hybrid parecia reservada para a fábrica de Goiana (PE), porém a empresa dá a entender que Betim (MG) poderá ter a primazia. Cappellano desconversou sobre se o sistema utilizaria bateria de 12 V ou 48 V. Tudo indica que será usada a bateria de menor capacidade. Haverá um terceiro lançamento este ano, a Ram 1500 reestilizada e lançada nos EUA no final de 2023.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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