colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

O ciclo do retrocesso: do Mensalão ao espectro de 2027

21/12/2025 - 07:54
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A toada é a mesma há quase duas décadas. Basta a ascensão do petismo ao poder para que a endêmica corrupção brasileira recupere seu fôlego e exploda em escala industrial. O roteiro é conhecido: o ciclo termina com o país de "bolsos vazios e calças arriadas", quebrado por megaescândalos patrocinados por uma estrutura que confunde o público com o partidário.

A história não permite o esquecimento: o episódio dos aloprados, o Mensalão, a Lava Jato e a prisão da cúpula do partido são fatos. Somam-se a isso as pedaladas fiscais da gestão Dilma Rousseff que culminaram em seu impeachment e deixaram um rastro de destruição econômica. A coluna não mente; os dados apenas confirmam o método.

O governo Lula III já nasceu sob o signo da anomalia: uma libertação polêmica pelo Supremo Tribunal Federal que, em um momento triste da nossa história jurídica, anulou condenações para viabilizar uma candidatura. É uma ferida aberta que as instituições, cedo ou tarde, terão de revisitar.

Agora, aproximando-se do seu ocaso precoce, o atual governo mergulha na mixórdia de sempre. Mas o que se vê no escândalo do INSS assusta pela desfaçatez. Tal como na Lava Jato, desenha-se uma teia criminosa "democrática", envolvendo de servidores a políticos de alto escalão ligados diretamente à Presidência. Embora a semente da roubalheira tenha sido plantada lá atrás, atravessado o governo anterior e agora explodido nas mãos do morubixaba pernambucano, o potencial de dano é sísmico.

Se a mídia amestrada não silenciar os fatos e se a oposição não tratar o tema como mero acessório retórico, a imundice que escorre dos esgotos do INSS será o grande algoz da reeleição. Somado a isso, temos a "contratação" de uma mega crise econômica para 2027, fruto da irresponsabilidade fiscal atual. O Brasil caminha a passos largos para um encontro marcado com a insolvência, onde a conta da corrupção de hoje será paga com a miséria de amanhã.

O que se assiste hoje não é um erro de percurso, mas a reiteração de um método. Ao ignorar as lições amargas do passado recente, o Brasil parece condenado a um eterno retorno ao abismo ético e fiscal. Se o escândalo do INSS é o sintoma atual de uma patologia crônica, a crise econômica contratada por este governo para 2027 é o diagnóstico de um país que se recusa a sanear suas contas e suas instituições.

Entre o silêncio de uns e a complacência de outros, a conta final, como sempre, será apresentada ao cidadão comum. Resta saber se, desta vez, o país terá fôlego para sobreviver ao próprio descaso ou se sucumbirá definitivamente à insolvência moral e financeira. O relógio corre, e o silêncio da 'mídia amestrada' não será capaz de abafar o estrondo dos dois tombos que se avizinham.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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