colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Valeu a pena!

31/05/2025 - 06:00
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Me considero um sujeito afortunado em minha trajetória profissional. Recém formado e cheio de sonhos como sói de acontecer nestes casos, fui à luta. Nos primeiros anos como economista da Sefaz-AL, atuando no calor das decisões da pasta vi de perto as dificuldades de gerir as finanças de um estado pobre, desindustrializado e subdesenvolvido. Foi ótima escola para o que a vida me reservou.

Anos depois como titular da Secretaria de Finanças da Prefeitura e depois na de Planejamento Urbano, senti na pele as enormes barreiras para a condução adequada de nossa capital. Nesse meio tempo, assumi cadeira na Ufal e no Cesmac, que dava seus primeiros passos.

Foram momentos distintos, mas ricos em expertises. Na prefeitura fiz parte do primeiro governo democrático pós ditadura e isso é algo que me orgulha, como haver impedido que nossa orla se tornasse um paredão de prédios como Copacabana. Sempre que trafego por ali e vejo os prédios limitados a 8 andares e espaçamento adequado para a circulação do vento, me vem um sentimento de muito orgulho pelas brigas que comprei para isso acontecer.

Num outro patamar das minhas vivências no setor público, a experiência, primeiro como técnico e depois no círculo decisório do Ministério da Agricultura, em Brasília, foi o meu “doutorado” como técnico e gestor de órgãos públicos. Foi lá, dentre muitas outras coisas, que tive a felicidade de ver de perto as tratativas e, depois, os primeiros passos do que veio a ser a grande revolução agrícola deste país nos últimos 40 anos: o desbravamento, expansão e consolidação do Centro Oeste, hoje um dos celeiros do mundo. Nada paga o sentimento de ter feito parte dessa epopeia de sucesso neste país de tantas frustações.

Um pouco antes, enquanto dirigente da Emater-DF tive a oportunidade de participar também da implantação do cinturão verde de Brasília (que à época importava 95% do que consumia, tal qual Alagoas hoje) e de ver como, rapidamente, a resposta veio em termos de acelerado aumento da produção. Poucos anos após, o DF estava importando apenas 25% do que consumia. Uma vitória e tanto para os que ajudaram a materializar essa façanha!

Na minha fase primeva de Brasília vivenciei in loco as articulações e o período áureo da luta pela volta da redemocratização, das eleições diretas, da frustação de não ver Tancredo assumir a Presidência, e a alvorada da democracia naqueles dias tensos de transição do poder militar para o civil. Grandes tempos!

Nesta primeira passagem por Brasília (foram três, em momentos distintos) passei, melhor dizendo fui forçado, no bom sentido, a amadurecer profissionalmente muito rápido (afinal ainda era um jovem de 30 anos), tanto que costumava comentar com os mais próximos que me sentia uma pessoa de 80 anos (vivências, expertises, etc.) aos 30.

Foi bem legal esse tempo! Outro dia quando a pauta estiver vazia de temas interessantes, quem sabe volto a encher o saco do leitor com um pouco mais da minha feliz e já alongada vida profissional. Afinal, são 50 anos de histórias para contar...

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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