colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

O BRT da Fernandes Lima: um apelo ao bom senso das soluções inteligentes

17/05/2025 - 06:00
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A ferida exposta da ausência de planejamento urbano em Maceió clama por intervenção urgente e reflexão profunda, especialmente em relação à caótica mobilidade urbana que diariamente aflige seus cidadãos. Vinte anos de um Plano Diretor obsoleto não são apenas um lapso administrativo, mas um atestado de inércia que – dentre outros problemas urbanos – moldou o sufocamento continuado cotidiano de nossas vias.
As recentes investidas da prefeitura, travestidas de soluções, soam como um eco de equívocos passados, impondo à população a controversa implantação de um BRT em um corredor viário já exaurido – a Avenida Fernandes Lima. E que já conta com um simulacro de vias preferenciais que pouco funcionam. Essa medida, longe de configurar uma solução inteligente, tangencia o óbvio ineficiente e ignora a premente necessidade de criar-se soluções inteligentes para expandir as artérias da cidade com soluções que aliviem o congestionamento crônico.

Enquanto a mobilidade se acentua dia a dia, um corredor estratégico de desenvolvimento e integração metropolitana é inexplicavelmente negligenciado. Já escrevemos pelo menos uma meia dúzia de artigos nesse sentido, a conexão vital entre o coração da cidade, os polos comerciais da parte baixa da cidade, a densamente habitada região da Menino Marcelo, os grandes conjuntos residenciais, a Ufal, o aeroporto e o pujante município de Rio Largo permanecem à margem de qualquer projeto ambicioso de requalificação do transporte público.

Essa omissão não é apenas um erro técnico; é um obstáculo ao progresso social e econômico de toda a nossa cidade, relegando um fluxo intenso de pessoas a um sistema de transporte deficiente e inadequado. E caro.

A insistência em soluções paliativas e a surdez às reais demandas da população configuram um cenário perigoso a quem pretende se candidatar. A proposta de um BRT em um corredor que, na prática, já opera com um sistema semelhante, levanta sérias dúvidas sobre sua eficácia em desafogar o trânsito. Pior ainda, desvia o foco e os recursos de intervenções estruturais mais profundas e necessárias.
Maceió não merece isso, não pode mais tolerar a improvisação e a falta de visão de longo prazo em área tão sensível como a mobilidade urbana. A cidade clama mudanças efetivas, mas a prefeitura ao que parece quer nos entregar outra coisa.

É preciso priorizar soluções inteligentes, que realmente impactem a fluidez do tráfego e promovam a acessibilidade em toda a cidade, em vez de insistir em medidas que, sob o verniz de modernidade, apenas perpetuam o caos e a ineficiência. O bom senso clama por soluções que movam Maceió para um futuro de desenvolvimento sustentável e qualidade de vida para todos os maceioenses. Chega de sofrimentos desnecessários.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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