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O tempo de uma vida

25/11/2019 - 15:39
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O tempo de uma vida
O tempo de uma vida

Um famoso ditado árabe diz: “Quem planta tâmaras, não colhe tâmaras”. Isto porque
antigamente as tamareiras levavam de 80 a 100 anos para produzirem os primeiros frutos.
Atualmente, com as técnicas de produção modernas, este tempo é bastante reduzido,
porém o ditado é antigo e sábio.

Um conto popular diz que, certa vez, um senhor de idade avançada plantava tâmaras no
deserto quando um jovem o abordou perguntando:
– Mas por que o senhor perde tempo plantando o que não vai colher?
O senhor virou a cabeça e calmamente respondeu:
– Se todos pensassem como você, ninguém colheria tâmaras.

É interessante a forma como cada um de nós olhamos o mundo e os fatos que nele ocorrem
e como isso vai mudando no decorrer da idade. Sempre enxergamos a história como algo
muito antigo e, sem querer, cremos que o nosso tempo, a época atual em que vivemos, é o
“tempo derradeiro”. Quer ver, façamos a seguinte experiência: tente imaginar o mundo
daqui a mil anos. Você será lembrado? Muito provavelmente não. Mesmo grandes pessoas,
homens e mulheres dependem de uma série de fatores para serem lembrados ao longo da
história, mesmo se tiverem realizado grandes feitos.

Mas, ao estudar história, temos a natural tendência de enxergar tudo o que passou julgando
os personagens como se eles tivessem a obrigação e o dever para com a história, ao passo
que cada um de nós pensamos em nosso bem-estar pessoal e em pagar as contas no fim do
mês. Olhamos o passado como um tempo imemorial e achamos que o presente é o único
tempo que importa.

Digo isso porque normalmente também não olhamos o futuro com uma perspectiva muito
ampla. Tendemos a olhar o futuro como o tempo de uma vida, o tempo da nossa vida. No
máximo o tempo da vida de nossos netos, a depender da idade.

Encontro diariamente pessoas que dizem que as coisas não mudam. Como não se estamos
no meio de uma revolução?!?! É difícil de enxergar quando estamos no meio dela, mas
pense bem: seus pais nasceram em um mundo completamente diferente. Telefone, fixo, era
artigo de luxo. Televisão, no Nordeste, ficava na praça para as pessoas se reunirem para
assistir e as pessoas se comunicavam basicamente por carta. Esta vida não era muito
diferente da vida dos seus avós.

Hoje vivemos em tempos de whatsapp, meus filhos nem se interessam pela TV, pois vivem
grudados em telas com conteúdo transmitido via streaming em que pessoas comuns gravam
e falam de um tudo para pessoas igualmente comuns. Políticos e pessoas importantes são
presos e/ou processados, as instituições estão a cada dia mais fortes.

Mas tendemos a pensar o mundo e suas mudanças tendo como referência única o nosso
tempo na terra. Para nós, se os dinossauros viveram um milhão ou cem milhões de anos na
terra, é indiferente.

Reflita, as coisas estão mudando rapidamente. Tente apenas ampliar os horizontes e pensar
nas coisas em uma perspectiva maior do que o tempo de sua vida. Isso com certeza nos faz
pensar melhor e em plantar as sementes para as gerações futuras, ou seja, importa sim o
que você vai colher, mas igualmente importante é o que você vai semear. Cultive, construa e
plante ações que não sejam apenas para você, mas que possam servir para todos e para o
futuro. 

Assim contribuímos para um mundo melhor.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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