Cirurgião Geral, Ginecologista e Obstetra

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Médicos da Ufal 1975

26/12/2024 - 12:29

ACESSIBILIDADE


Ao escutar a canção de Roberto Carlos “Jovens tardes de domingo, de 1977, recordações invadem meus pensamentos, quantas saudades daqueles tempos...

“Eu me lembro com saudade O tempo que passou
O tempo passa tão depressa
Mas em mim deixou
Jovens tardes de domingo
Tantas alegrias
Velhos tempos Belos dias”...

Há quarenta e nove (49) anos, mais precisamente no dia 27 de dezembro de 1975, a Universidade Federal de Alagoas formava uma turma de sessenta e oito (68) jovens médicos, sim é verdade, jovens médicos, mas entre eles existiam alguns não tão jovens assim, eram os vovôs da turma, vovôs esses que com muita luta e estudo conseguiram se formar e que hoje já não fazem parte de nossa convivência.

Começamos nossos estudos em 1970, em plena ditadura militar implantada no Brasil e graças a ela, a ditadura, tivemos seis anos de curso de medicina sem nenhuma interrupção por greve ou por qualquer outro motivo.

Foram anos de belíssimas recordações, de grupos de estudos, de atividades sócio recreativas, esportivas, culturais e viagens, muitos romances entre colegas, casamentos e, por que não, o surgimento de uma grande amizade entre todos. Amizades essas que perduram até os dias de hoje e que nos motivam a estar sempre lutando para preservá-las.

Lembro dos nossos tempos de Diretório Acadêmico onde constituímos uma chapa e ganhamos a eleição, à frente eu e Alberto Sales, eu presidente e ele diretor financeiro e fizemos nossa sede social, reuniões acadêmicas, padronização das carteiras estudantis, encontros dançantes nos finais de semana, onde nos reuníamos para umas noites de descontração, boas conversas, paqueras e, não poderia deixar de ser, bebedeiras que, quase sempre varavam a madrugada. Ao final dos embalos das sextas-feiras à noite ficávamos eu e Alberto arrumando a sala e após os trabalhos ele deitava sobre umas mesas e ao som de Roberto Carlos “Eu te amo, te amo, te amo...”

“Tanto tempo longe de você
Quero ao menos lhe falar
A distância não vai impedir
Meu amor, de lhe encontrar
Cartas já não adiantam mais
Quero ouvir a sua voz
Vou telefonar dizendo
Que eu estou quase morrendo
De saudades de você
Eu te amo
Eu te amo
Eu te amo.”

Até hoje eu não sei em quem ele estava pensando naqueles momentos, só sei que ele gostava da música e cantava alto.

Lá para as 05:00, 06:00 horas do sábado íamos para casa, naturalmente ele me levava para casa, ele tinha carro e quando chegávamos na casa de minha mãe, na cambona, tomávamos café e o amigo/irmão ia para sua casa.

E os anos passaram, estudávamos sempre e sempre, em pequenos grupos, individualmente, em nossas casas, no CCBI, nos hospitais e casas de saúde, mas estudávamos.

Foram anos em que aprendemos a nos conhecer, a conhecermos nossos professores e mestres, citarei alguns que ainda hoje trago na lembrança: Augusto Cardoso, Carlos Sampaio, Telmo, Divacy Fragoso, Duda Calado, Trigueiros, Raimundinho, Roland Simões, Yvone Simões, Carlos Henrique, Hélvio Auto, José Maria Constant, Gastão Oiticica, Pimentel, Erivaldo Cavalcante, Aminadab Valente, Alberto Fontan, Úlpío Paulo de Miranda, Rodrigo Ramalho, Arthur Breda, Djalma Breda, Cláudio Albuquerque, Mário Mafra, Mariano Teixeira, Manoel Bentes, Manoel Menezes, Danúbio Lessa, me perdoem os outros de cujos nomes o tempo apagou de minha memória. Lembro bem de alguns colaboradores que nos deram apoio: Sr. Henrique, nos cadáveres da anatomia, do Américo - Gabarito, assim o chamávamos, dos médicos e funcionários do Instituto Médico Legal (Professor Duda Calado, diretor), que me deram acesso aos cadáveres para que eu pudesse estudar anatomia em cadáveres não formolizados. A todos eles o nosso muito obrigado, o nosso respeito, o nosso carinho e as nossas orações.

Hoje, ao completarmos quarenta e nove anos de formados, já em pleno gozo da terceira idade, já não somos mais sessenta e oito (68), somos agora cinquenta e um (51), dezessete já estão em outras dimensões, junto a Deus Pai. Dezessete amigos e amigas queridas estiveram seus cursos de vida interrompidos pelo ciclo da vida, uns de maneira trágica, fatídica, outros de forma natural, por doenças, pelo curso natural da vida, mas que suas vidas não nos serão esquecidas.

Não gostaria de citar os nomes dos que faleceram, mas por querer lhes prestar uma homenagem resolvi expressá-los: Alberto Lopes Sales, Eliane Pinto Paes, Erival Silva Monteiro, Geraldo Barros Vasconcelos, Ibrahin Acoforado de Barros, Isaac Soares de Lima, José Bernardes Neto, José Dirson de Albuquerque Souza, Josefa Ceci Santos Cunha, Marcos Antônio Braga da Rocha, Maria das Graças Cortez Pacheco, Maria José Melo de Lima, Neudson Vilela de Carvalho, Ney Damasceno Ribeiro, Sebastião Cerqueira Cavalcante, Sônia Maria Terindade e Sônia Rego Coelho Pereira da Costa, aos quais dedicamos uma homenagem especial pelos relevantes serviços prestados a medicina de Alagoas e de nosso Brasil e, em especial, uma homenagem de agradecimento pelos amigos que foram e que fizeram parte de nossas vidas. A eles a certeza da presença de DEUS, de JESUS CRISTO e de MARIA SANTÍSSIMA.

Que todos vocês não desistam do que é certo, da verdade verdadeira, do otimismo, do amor ao próximo e da qualidade dos serviços prestados aos seus pacientes. Sejam simples e humildes, mas sejam atentos aos pequenos problemas, que podem se tornar grandes. Mantenham os vínculos de amizade, não se deixem levar por discordâncias políticas, sociais, esportivas ou religiosas. Preservem a nossa AMIZADE, pois não existe maior riqueza do que a riqueza de termos AMIGOS.

E a todos vocês, amigos e amigas queridas, que fazem parte deste grupo seleto de médicos que se formaram no ano de 1975 na Universidade Federal de Alagoas, que constituíram e continuam constituindo um grupo de trabalho de grande expressividade para o nosso estado e nos estados e países que fixaram residência, o nosso muito obrigado e reconhecimento pelo convívio familiar, pelo carinho da convivência, pelo amor que sentimos uns pelos outros e, acima de tudo, por reconhecermos que estamos juntos e amarrados em um só sentimento, o de mantermos a família unida e abençoada por DEUS.

FELIZ ANIVERSÁRIOS DE 49 ANOS DE FORMADOS.

QUE DEUS PERMANEÇA NO CORAÇÃO DE TODOS.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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