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Odilon Rios

Jornalista, editor do portal Repórter Nordeste e escritor. Autor de 4 livros, mais recente é Bode Pendurado no Sino & Outras Crônicas (2023)

Conteúdo Opinativo

Ex-comandante da PM planejou maior ataque terrorista da história

12/05/2025 - 06:00
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Décadas antes de assumir a Secretaria de Defesa Social em Alagoas, o então major Edson de Sá Rocha, vulgo Sílvio, foi chefe de operações do Destacamento de Operações de Informações, o DOI, no Rio de Janeiro, entre 1980 e início de 1981, quando se juntou a um grupo radical para executar um plano terrorista: explodir o Centro de Convenções do Riocentro no dia 1º de maio de 1981, com 20 mil pessoas que assistiam a um show com artistas da música popular brasileira.


Seria o maior ataque da história brasileira e a ideia era responsabilizar a esquerda pelo banho de sangue. Como consequência, a ditadura militar poderia suspender as discussões que empurravam o Brasil para a redemocratização.


Edson de Sá Rocha foi denunciado pelo Ministério Público Federal em 2019 como o personagem que apresentou, no início de 1980, o plano ao então coronel Romeu Antônio Ferreira, codinome Dr. Fábio, o segundo homem na hierarquia do DOI. Sá Rocha tinha um mapa do local, que incluía a estação de eletricidade e disse ao coronel como seria a abordagem e a execução do atentado: explodir a casa de força para apagar as luzes e provocar pânico, detonar outras três bombas dentro do pavilhão, provavelmente no palco, próximo aos artistas e deixar objetos pontiagudos espalhados para furar os pneus dos carros no momento em que as pessoas tentassem abandonar o centro de convenções.


Logo após o atentado, seriam fabricadas provas contra grupos armados que resistiam à ditadura militar. Seus membros seriam presos. Placas e muros ao redor do Riocentro seriam pichados por militares com palavras de ordem e siglas de movimentos de esquerda.


O coronel Romeu Antônio Ferreira deu ordens para Sá Rocha abortar a operação. Um plano semelhante acabou sendo executado um ano após a apresentação de Sá Rocha, em 30 de abril de 1981, porém deu errado: o veículo que carregava as bombas detonou antes do programado e matou o sargento Guilherme do Rosário.


Segundo o MPF, não há provas de que Sá Rocha estivesse à frente da execução do atentado, porém houve participação dele no planejamento. O então major foi condecorado em 1982 com a Medalha do Pacificador.


Teve duas passagens em Alagoas: foi comandante da Polícia Militar entre 1990 e 1991 e, já general, comandou a Secretaria de Segurança entre 2007 e 2008. Entregou o cargo por motivos pessoais, sem resolver a greve da Polícia Civil nem conseguir baixar os altíssimos índices de homicídios, quando Alagoas registrava média de 20 assassinatos por final de semana. Foi preso em 2012 acusado de irregularidades no fornecimento de alimentação ao sistema prisional alagoano.


Morreu aos 78 anos, em 25 de março de 2020.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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