Pedro Oliveira é jornalista , escritor, colunista do Jornal Extra, Tribuna do Sertão e presidente do Instituto Cidadão.

Conteúdo Opinativo

Alea jacta est

30/03/2024 - 06:00
Atualização: 28/03/2024 - 22:25

ACESSIBILIDADE


Na linguagem jurídica é uma expressão utilizada quando os fatores determinantes de um resultado já foram realizados, restando apenas revelá-los ou descobri-los. É exatamente o momento que antevejo em relação a escolha do próximo prefeito de Maceió. “A sorte está lançada”. Eu acrescentaria minha previsão: “A guerra começou”, por não ter dúvida da beligerância que vai dominar o processo eleitoral em Maceió. Lançado o nome do deputado Rafael Brito como seu principal opositor , o prefeito João Henrique Caldas já tem o tamanho exato de sua oposição e das muitas dificuldades que vai ter que encarar. Mesmo estando situado em confortável avaliação de seu mandato, em uma eleição majoritária o cenário pode mudar bruscamente de acordo com os episódios da própria campanha, de um dia para outro, ou mesmo em questão de horas.

O perfil de cada um

Qualquer previsão apressada pode dar errado na análise crítica de qual é o melhor candidato para Maceió. São dois jovens políticos com mandatos, um com mais experiência (deputado estadual, federal e prefeito no exercício do mandato e o outro atualmente deputado federal, com cargos ocupados na alta gestão do Estado, com êxitos evidentes alcançados por onde passou). O prefeito JHC tem a vantagem de conhecer melhor os problemas de Maceió, até porque tem convivido com eles por quase quatro anos. Mas Rafael Brito está na atividade pública há anos, é disciplinado e tem demonstrado capacidade para a disputa.

Campo de batalha

Na disputa, onde deveriam prevalecer o programa de governo de cada candidato e suas propostas para Maceió, em debates e durante a campanha, não há previsão de qualquer gesto de cordialidade ou pelo respeito de parte a parte. Pelo clima que tem prevalecido, a grande pauta serão o destroçar a vida de cada um, a busca por supostos crimes cometidos e até as companhias tóxicas em cada palanque.

Entre os aliados de Rafael Brito, estão os políticos detentores da maior rejeição no eleitorado de Maceió, a exemplo da família Calheiros, além de “folhas corridas” de fazer inveja a Fernandinho Beira Mar.

Do outro lado o quadro é idêntico, aí vai dar a opção de o eleitor escolher o menos pior.

A disputa dos chefes

As eleições deste ano não vão alcançar apenas a disputa para prefeitos e vereadores nos 102 municípios alagoanos, vão muito além. Está em jogo o poder entre os principais “coronéis” da politica local, todos de olho em 2026, quando se elegerão governador, senadores e deputados. Os protagonistas do embate serão fatalmente Renan Calheiros (pai e filho) contra o presidente da Câmara dos Deputados, o poderoso Arthur Lira. Ambos lideram as maiores fatias eleitorais e são mestres no jogo político.

O preço do estupro

O senador Eduardo Girão (NovoCE), em pronunciamento no Plenário, criticou a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre a absolvição de um rapaz de 20 anos acusado de estuprar e engravidar uma garota de apenas 12 anos em Araguari (MG). O STJ evocou o argumento de “constituição de um núcleo familiar”. Girão ressaltou que o caso gerou indignação entre cidadãos que defendem os direitos das mulheres e das crianças. O parlamentar enfatizou que o réu foi acusado de estupro de vulnerável, tipificado no artigo 213 do Código Penal, crime passível de pena que varia de 8 a 15 anos de prisão. Estupra, paga fiança e sai pra cometer outros.

Cuspindo no prato

O vice-governador Ronaldo Lessa, acho que contaminado por novas más companhias no exercício da política, anda perdendo sua postura de equilíbrio emocional, coisa que eu imaginava ter ficado para trás, com o seu amadurecimento. Foi agressivo com o seu ex-companheiro, prefeito JHC, com o qual dividiu a gestão e nunca reclamou de shows com artistas famosos, acho que até participou de alguns. Lessa tem uma história para preservar e se for na onda de bandidos vai se tornar um deles.

Sem candidato

Se a eleição para prefeito e vereador de Maceió fosse hoje, eu não teria candidatos. Exerceria meu direito de não votar (passei dos 70 e a lei me faculta). Haverá tempo suficiente para que alguém me convença ou não.

Terei tempo para observar as propostas, a performance e até os delitos de cada um. Ao escolher eu anuncio e se não escolher também. São tantas decepções, enganações, atos de improbidade e falta de zelo com o interesse público, que o eleitor termina escolhendo o “menos pior”. Não é o meu caso

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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