Jornalista, escritor, colunista do Jornal Extra, Tribuna do Sertão e presidente do Instituto Cidadão.

Conteúdo Opinativo

Tem boi na linha

18/10/2025 - 06:00
Atualização: 17/10/2025 - 17:36
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O TCU identificou sobrepreço em editais de obras rodoviárias, no Ministério dos Transportes, resultando na correção de inconsistências e na economia de R$ 264 milhões aos cofres públicos. Os problemas detectados incluíram quantitativos superestimados e preços até 10 vezes acima do mercado, utilizando uma auditoria com auxílio de inteligência artificial para comparar planilhas de orçamento com valores de referência. O órgão também investigou outros contratos, como os de concessões ferroviárias e obras em estradas vicinais, mas as informações mais recentes apontam para a economia gerada pela auditoria em obras rodoviárias.

Ruim por ruim

Estamos diante de um dilema que revela a falência do sistema político e a descrença do eleitorado. A carência de bons candidatos é tamanha que o eleitor, ao invés de votar por convicção, vota por exclusão. Não escolhe quem mais o inspira, mas quem menos o envergonha. O voto, que deveria ser instrumento de esperança e transformação, se torna um ato de resignação.
Essa realidade expõe a pobreza de lideranças e o esgotamento de ideias no cenário nacional. A cada eleição, o eleitor se vê obrigado a optar entre o “menos ruim” e o “pior”, perpetuando um ciclo de mediocridade política que sufoca o país.

Animais abandonados

O abandono e o sofrimento dos animais seguem sendo uma das feridas abertas mais dolorosas de nossa sociedade. Em Maceió, cães e gatos vagam pelas ruas, doentes, famintos e sem destino. O cenário se repete em praticamente todas as cidades do interior, revelando a ausência de políticas públicas eficazes de proteção e controle populacional. Faltam abrigos, campanhas de adoção, castração em larga escala e, sobretudo, consciência coletiva. As ONGs e protetores independentes fazem o que podem, mas enfrentam o descaso do poder público e a indiferença social.

Excessos de poder

Houve um tempo recente em que ser vereador era missão pública e não carreira rentável. Não havia remuneração, apenas o prestígio de servir à comunidade. Deputados ganhavam um salário digno, suficiente para a função, sem os privilégios e extravagâncias de hoje. Agora o cenário é outro: gabinetes inflados de assessores fantasmas, “rachadinhas”, verbas de gabinete usadas como moeda política e emendas parlamentares que mais parecem instrumentos de chantagem institucional. Quantos manteriam seus mandatos se acabasse essa mamata empregatícia, se o exercício do cargo voltasse a ser o que deveria, um serviço, e não um negócio?

Sem chance

O vice-governador Ronaldo Lessa andou demonstrando seu desejo em ser candidato ao Senado nas próximas eleições. Claro que não tem tamanho para tanto e, se muito, vai ter que se contentar com uma vaga de deputado estadual e ainda correndo riscos. Foi exatamente esse “salto alto” que o fez levar uma surra de votos, em 2002, quando Fernando Collor o derrotou em poucos dias de campanha. O grupo de seu entorno não confia nele e seu capital político morreu.

Diferente da anterior, a atual primeira-dama da República é uma mulher instruída, de sólida formação intelectual e trajetória própria no meio acadêmico. Desde muito antes de se casar com o presidente, Janja já transitava com naturalidade entre artistas, professores e intelectuais, conquistando respeito por mérito e não por conveniência. Essa presença autêntica, sensível e ao mesmo tempo firme incomoda, sobretudo quem nada tem a mostrar além da vitrine artificial construída pela extrema direita.

Farra, viagem e festa

Se você chamar um vereador de Maceió para trabalhar, é possível que um ou dois aceitem, mas no geral o que eles topam mesmo é uma viagem (se for pra Brasília, melhor), “farra” com dinheiro público e concessão de títulos honoríficos em troca de votos. Tudo uma barganha imoral e tornada institucional. Alguns praticam a chantagem explícita, para sustentar seus lastimáveis mandatos.

Marqueteiro pé quente

O estrategista político Emanoelton Borges ganhou nesta semana o Napolitan Awards, prêmio considerado o “Oscar” da consultoria política, na categoria “pesquisador do ano”. A honraria é concedida pela Academia de Artes e Ciências Políticas de Washington, nos Estados Unidos, e será entregue no próximo dia 30. Um detalhe chama a atenção: o cara é o marqueteiro do prefeito JHC. Vem campanha por aí.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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