Conteúdo Opinativo

Uma pedra no caminho de Lira

11/01/2025 - 08:13
A- A+
Lula Marques/ Agência Brasil
Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira
Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira

Foi preciso a intervenção do ministro Flávio Dino para deter o avanço do Centrão sobre o Orçamento da União, já bastante saqueado pela turma chefiada por Arthur Lira. A ação enérgica do ministro foi deflagrada após o golpe do final de ano que driblou decisões do STF, emparedou o Planalto e forçou a liberação de novas emendas secretas. 

Para aprovar a reforma fiscal no Congresso, o presidente da República aceitou as imposições da Câmara dos Deputados e deu aval às emendas parlamentares clandestinas articuladas por Arthur Lira no apagar das luzes do ano de 2024. Mais esperto que Lira, Lula da Silva fez tabelinha com Flávio Dino para impedir o pagamento das emendas Pix até que se cumpram as exigências legais de transparência e fiscalização dos recursos a serem liberados. 

O que o Supremo exige é apenas o cumprimento da Constituição, que impede a Câmara de sequestrar o Orçamento e usar recursos públicos sem regras e sem leis. “É preciso consertar essa balbúrdia”, disse o ministro Dino ao botar um freio nos desmandos com o Orçamento da União. Arthur Lira sentiu o contragolpe e partiu para o ataque como arma de barganha para continuar a farra da gastança sem peias nem cangas. 

Lula venceu o primeiro round, mas Arthur Lira não desiste tão fácil e está disposto a declarar guerra contra todos que tentem atravessar seu caminho. Faltando poucos dias para acabar seu reinado no comando da Câmara, o chefe do Centrão acredita que o Planalto e o STF se dobrarão aos interesses escusos de seu grupo, pois isso depende do futuro do projeto político de Lira.

Mesmo fazendo o sucessor, o presidente da Câmara dos Deputados perde espaço e poder caso seja derrotado no embate com o ministro Flávio Dino e o Planalto e enfraquece seu plano de ser senador. Nessas circunstâncias, Lira chegará em 2026 sem força política para influir nas eleições majoritárias, fragilizando também a aliança com o prefeito JHC, forte candidato da oposição ao governo de Alagoas nas eleições do próximo ano.

Resumo da ópera: Ao dar uma rasteira no STF, Arthur Lira se achou mais esperto que o rei, mas não contava com uma pedra em seu caminho chamada Flávio Dino. Também esqueceu o aviso de Tancredo Neves, que advertia: “Esperteza, quando é muita, come o dono”.


Encontrou algum erro? Entre em contato