MULHERES NO FUTEBOL
‘Impedimento’ revela os desafios do futebol feminino local
Curta-metragem alagoano vem sendo exibido em festivais de vários locais do BrasilA diretora de cinema Renata Baracho, natural de Alagoas, trouxe à tona as vivências e desafios de mulheres alagoanas no mundo futebolístico em seu curta-metragem *Impedimento*. O filme retrata histórias que vão além das arquibancadas e mostram a luta por espaço em um ambiente historicamente dominado por homens.
Por enquanto, o filme não está disponível para o público, sendo exibido apenas em festivais. Segundo Renata, existe a possibilidade de que, no segundo semestre do próximo ano, a obra fique disponível on-line permanentemente.
Em entrevista ao EXTRA, a diretora compartilhou as inspirações que a levaram a explorar o tema, o processo de escolha das personagens, os obstáculos enfrentados pela equipe durante a pandemia e o alcance da obra no meio esportivo.
EXTRA - O que te inspirou a criar um filme que explora a relação das mulheres com o futebol? Você já tinha conexão com o esporte?
Renata Baracho - Eu venho de uma família de torcedores, então vou ao estádio desde criança. Na adolescência, tinha preferência de acompanhá-los somente nos clássicos, mas depois o interesse aumentou e ir aos jogos passou a ser uma programação corriqueira. Foi essa vivência do dia a dia, nas arquibancadas também com as mulheres da minha família, e percebendo as mudanças ao longo dos anos nas questões de gênero e futebol que me despertou a querer pesquisar e documentar essa temática.
EXTRA - Como foi o processo de escolha das mulheres que compõem as histórias do filme?
Renata Baracho - Eu queria que, por meio das personagens, a gente se aproximasse cada vez mais do campo. Então pensei que poderíamos ter uma torcedora de cada um dos dois principais times do estado, depois as profissionais ao redor do campo, em seguida uma profissional da arbitragem e, por último, um time de mulheres. Comecei escolhendo e convidando aquelas que eu sempre via por ali: Charlene, Pei Fon e Brígida Cirilo. O UDA é o principal time feminino de Alagoas, então também foi uma escolha óbvia. E por último, porque seria o mais difícil, iniciei uma pesquisa para encontrar as duas torcedoras. Todas toparam logo de cara.
EXTRA - Nos bastidores, você encontrou algum tipo de resistência ou dificuldades para contar essa narrativa? Como você e sua equipe lidaram com esses desafios?
Renata Baracho - A grande dificuldade que se impôs à equipe, ao filme e ao mundo inteiro foi a pandemia. O filme foi contemplado em um edital no final de 2019; recebemos o recurso e em janeiro iniciamos as filmagens junto ao campeonato alagoano. Em março, tivemos uma diária para captar as entrevistas com as personagens num domingo, na quarta-feira seguinte tudo já estava fechado. E ainda nos restava mais três diárias, pelo menos. Então foi complexo por todos os motivos que a pandemia trouxe. Como equipe, também é complexo, porque uma equipe de curta-metragem geralmente trabalha junta por pouco tempo. No nosso caso, o processo inteiro, até todo mundo se vacinar, os jogos voltarem a acontecer, nos sentirmos seguros para filmar, depois a edição do material e finalmente o filme ficar pronto, durou cerca de três anos.