INSS EM FOCO
Apoio da direita alagoana a CPI pode resultar em ‘tiro no pé’
Investigação da PF revelou que fraudes aconteceram entre 2019 e 2024
O apoio da direita à CPI do INSS pode se voltar contra seus próprios articuladores. A comissão foi protocolada no dia 12 último para apurar fraudes em descontos ilegais em aposentadorias. Com apoio de 36 senadores e 223 deputados, apenas dois parlamentares da bancada alagoana assinaram o pedido. Nenhum senador do estado aderiu.
A proposta da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e da deputada Coronel Fernanda (PL-MT) busca investigar irregularidades em convênios firmados pelo INSS, usados para aplicar descontos indevidos a aposentados e pensionistas.
A adesão alagoana ficou restrita aos deputados Alfredo Gaspar (União Brasil) e Fábio Costa (PP). Os demais sete deputados, incluindo Arthur Lira (PP), não assinaram o requerimento. No Senado, Eudócia Caldas (PL), Fernando Farias (MDB) e Renan Calheiros (MDB) também se mantiveram distantes da iniciativa. A ausência de apoio chamou atenção, especialmente no caso de Eudócia, integrante do PL e da bancada de oposição ao governo federal.
O escândalo foi revelado pela Operação Sem Desconto, deflagrada pela CGU e pela Polícia Federal em abril. A investigação levou à demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e à instauração de 207 inquéritos, 192 mandados de prisão e 701 de busca e apreensão. Segundo a força-tarefa, os desvios podem ter superado R\$ 6 bilhões. No entanto, o próprio INSS informou que o valor corresponde ao total movimentado por convênios do tipo entre 2019 e 2024, período sob investigação — não necessariamente ao total fraudado.