Presidente da Câmara será julgado por receptação de veículo roubado

A Câmara Municipal de Novo Lino, município da Zona da Mata de Alagoas, está no centro de uma crise política e institucional marcada por suspeitas de corrupção, desrespeito ao regimento interno, uso indevido de recursos públicos e ameaças a cidadãos. Em meio às denúncias, o atual presidente da Casa Legislativa, Adevaldo Rodrigues da Silva (MDB), o Deval, será julgado no próximo dia 29, acusado de receptação de veículo furtado — crime tipificado no artigo 180 do Código Penal.

O processo, instaurado pela Polícia Civil em fevereiro deste ano, foi encaminhado ao Juízo Criminal da Comarca de Colônia Leopoldina. Em meio às acusações criminais, o clima político na cidade se agravou após a renúncia da ex-presidente da Câmara, Núbia Maria de Lima, que ocupava o cargo em seu terceiro mandato consecutivo — o que, segundo a oposição, fere o princípio constitucional da alternância de poder. Núbia, no entanto, convocou uma sessão extraordinária no dia 19 de fevereiro, logo após deixar o cargo e, em menos de 15 minutos, foi eleita 1ª secretária na nova composição da mesa, agora presidida por Adevaldo.

Oposição e setores da sociedade civil denunciam que a manobra teve como objetivo encobrir irregularidades. “Solicitamos acesso às contas da Câmara para análise jurídica, mas enfrentamos resistência sistemática”, afirma o vereador Jânio Soares (PSD). Ele denuncia que, entre janeiro e abril de 2025, a Câmara recebeu quase R$ 1 milhão em repasses da Prefeitura, administrada por Marcela Silva Gomes de Barros (MDB), reeleita no último pleito.

As suspeitas de má gestão incluem pagamentos por reformas inexistentes, notas fiscais de materiais que não teriam sido entregues e a nomeação de assessores com salários equivalentes aos de vereadores. Um dos casos citados é o de Emilly Caroline Santos Sales, que aparece na folha de pagamento como parlamentar, apesar de atuar apenas nas transmissões ao vivo da ex-presidente.