Conteúdo do impresso Edição 1323

XADREZ ELEITORAL

Ronaldo Medeiros sinaliza diálogo com Paulão para candidatura ao Senado

Pré-candidatura só será mantida se não houver oposição da direção nacional do PT
Por Bruno Fernandes 12/07/2025 - 06:00
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MST/AL
Ronaldo Medeiros e Paulão devem esquecer rivalidade da eleição no partido
Ronaldo Medeiros e Paulão devem esquecer rivalidade da eleição no partido

Eleito presidente estadual do PT de Alagoas, o deputado estadual Ronaldo Medeiros afirma estar aberto a dialogar com o deputado federal Paulão caso ele queira disputar o Senado em 2026. Apesar das diferenças internas, Medeiros sinalizou que o diretório considera positivo apoiar um nome próprio para a disputa eleitoral, caso aconteça.

“Tivemos e temos nossas divergências e diferenças de opinião, mas caso ele nos procure com o desejo de realmente se lançar como candidato ao Senado Federal a gente vai apoiar. Para gente seria muito bom conseguir emplacar alguém no Senado”, disse Medeiros.

A eleição interna do domingo passado que escolheu Medeiros e na qual saiu derrotada a sindicalista Dafne Orion, do grupo comandado por Ricardo Barbosa e apoiado por Paulão, é vista por dirigentes como início de transição do partido para um novo ciclo. A expectativa é preparar o PT para a era “pós-Lula”, já que, no caso de Lula disputar novamente a Presidência em 2026, essa deverá ser sua última campanha presidencial.

Mesmo com sinalização positiva, aliados de Paulão afirmam que ele só manterá a pré-candidatura se não houver oposição da direção nacional ou do presidente Lula. Movimentos internos do partido e alianças antigas também pesam na decisão do parlamentar.

“Até onde sabemos ele não conversou com ninguém da direção estadual sobre a pretensão de ir ao Senado, apenas se lançou. Tivemos nossos embates durante a eleição para a direção do partido em que o deputado apoiou o antigo grupo, mas temos que ter consciência que algumas decisões que tomamos em Alagoas podem refletir no governo federal e em decisões sobre o futuro do Brasil, então temos que estar sempre dispostos ao diálogo. Não se pode iniciar essas coisas com a ‘perna direita’”, brincou.

Entre os fatores considerados está a possibilidade de o PT apoiar Renan Calheiros (MDB) na disputa pela reeleição ao Senado, ao lado de Renan Filho, que confirmou sua desincompatibilização para abril de 2026 a fim de disputar o governo estadual. Parte das lideranças vê a manutenção dessa aliança como estratégica para manter palanques no estado e ampliar espaço político.

Paulão também enfrenta a disputa interna no próprio diretório estadual com a nova direção. Ainda assim, Ricardo Medeiros destaca que a nova cúpula busca diálogo para construir um projeto comum e evitar divisões antes das eleições.

Outro ponto é a decisão de retirá-lo da coordenação da bancada federal de Alagoas, cargo ocupado por ele há mais de dois anos. Segundo aliados, Paulão foi comunicado sem consulta prévia. A justificativa apresentada seria a falta de reuniões gerais durante sua gestão.

Nos bastidores, a disputa pelo cargo envolve grupos ligados a Renan Calheiros e Arthur Lira (PP). O bloco alinhado a Lira, por exemplo, reúne nomes como Alfredo Gaspar, Fábio Costa e Marx Beltrão.

Mesmo reconhecendo o peso político e financeiro dos adversários, aliados afirmam que Paulão manteria a disposição de concorrer ao Senado desde que não haja veto do comando nacional. Para eles, lançar candidatura própria fortalece o PT e amplia a disputa.

A federação formada por PT, PV e PCdoB também acompanha de perto os movimentos para a eleição de deputados federais. Em 2022, a aliança conseguiu apenas duas cadeiras em Alagoas: Paulão e Luciano Amaral, que depois se filiou ao PSD.


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