COMBATE AO TRÁFICO

Morre 'Dona Vitória', idosa alagoana que ajudou a prender mais de 30 traficantes e PMs no Rio

Joana Zeferino da Paz foi obrigada a mudar de nome e viver no anominato até a hora de sua morte
Por Redação com agências 24/02/2023 - 13:20
Atualização: 24/02/2023 - 16:07
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Fábio Gusmão/Extra
Joana Zeferino da Paz em 2006, com sua câmera
Joana Zeferino da Paz em 2006, com sua câmera

Morreu ontem, 23, aos 97 anos a alagoana Joana Zeferino da Paz, conhecida como Dona Vitória, que ajudou a prender ao menos 30 pessoas envolvidas com o tráfico de drogas no Rio de Janeiro em 2005. Usando um nome falso por quase 20 anos, sua verdadeira identidade só foi revelada após sua morte, uma vez que ela estava vivendo sob anonimato forçado por questões de segurança.

A alagoana natural da cidade de Quebrangulo faleceu no Hospital Geral do Estado, em Salvador. Ela estava internada há dez dias após sofrer um acidente vascular cerebral.

Joana da Paz foi responsável por combater o tráfico de drogas na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro, usando apenas uma câmera de filmar.

Sua história foi revelada pelo jornal Extra do Rio de Janeiro em 2005, quando publicou um caderno especial com a reportagem revelando o que ela tinha feito durante anos: um diário em vídeo da rotina de um ponto de venda de drogas.

Após a publicação, Joana entrou no Programa de Proteção à Testemunha, iniciando uma vida de privações, angústia, desapego e resiliência, como descreve o jornalista Fábio Gusmão.

Graças às filmagens de Joana, mais de 30 pessoas foram presas, incluindo traficantes e policiais militares ligados ao tráfico no Rio de Janeiro. Joana morava em um apartamento na Praça Vereador Rocha Leão, de fundos, que dava para a Ladeira dos Tabajaras.

Pela janela, ela começou a ver a movimentação de traficantes em uma boca de fumo e entrou com uma ação contra o estado devido à desvalorização de seu imóvel. A ideia de filmar veio para desmentir a alegação de um coronel da PM, que disse que a moradora mentia sobre a existência do tráfico, que seria combatido pelo batalhão.

As fitas foram entregues à Polícia Civil, que deu início à investigação. Além dos traficantes, foram condenados policiais militares por omissão e pelo recebimento de propinas para fazer vista grossa para o crime organizado.

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