MEIO AMBIENTE

Manguezais de Alagoas abrigam 8,2 milhões de toneladas de carbono azul

Levantamento foi realizado pelo projeto Cazul com apoio da Fundação Grupo Boticário
Por Assessoria 14/04/2025 - 16:18
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Instituto Biota
Manguezal alagoano
Manguezal alagoano

Alagoas possui uma reserva de carbono azul com 8,2 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) armazenadas em seus manguezais. Esse potencial pode se traduzir em pelo menos R$ 213,1 milhões em créditos de carbono no mercado voluntário. Apesar de sua importância, as áreas de manguezal enfrentam ameaças crescentes, como desmatamento, poluição e a pressão da produção de commodities.

Os cálculos fazem parte do estudo “Oceano sem Mistérios: Carbono azul dos manguezais”, conduzido pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e pelo projeto Cazul, do Rio de Janeiro. Espera-se que, com a regulamentação do mercado de carbono em dezembro de 2024 (Lei 15.042/2024), seja fortalecida a transição para uma economia de baixo carbono. Em um cenário favorável, com uma precificação desejada de 100 dólares a tonelada, estima-se que o valor do carbono armazenado nos manguezais alagoanos possa alcançar até R$ 4,6 bilhões.

Para garantir a manutenção desse estoque, chamado de carbono azul, por estar associado a ambientes marinhos, os estados precisam proteger seus manguezais, mantendo-os saudáveis. “Dessa forma, é possível assegurar todos os benefícios que esses ecossistemas oferecem, como a proteção da linha de costa, reduzindo a força e o alcance das ondas, a manutenção da produção pesqueira, a conservação da biodiversidade, entre muitos outros. Além disso, os créditos de carbono representam uma estratégia adicional para financiar a conservação dessas áreas”, explica Alexander Turra, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), professor titular do Instituto Oceanográfico da USP e responsável pela Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano.

O Nordeste é a região com o maior número de municípios inseridos nesse ecossistema: 197 cidades, que juntas abrigam cerca de 20 milhões de pessoas. Ao todo, no Brasil, os manguezais armazenam 1,9 bilhão de toneladas de CO₂, o que representa um potencial de geração de até R$ 48,9 bilhões em créditos de carbono, conforme o valor praticado no mercado voluntário. Esse valor pode alcançar até R$ 1,067 trilhão, caso o preço da tonelada de CO₂ atinja a marca de R$ 562,00, em um cenário de transição para uma economia de baixo carbono

 No mercado voluntário brasileiro, a tonelada de CO₂ já foi negociada a R$ 25,85, com a cotação de R$ 5,62 para cada dólar. Considerando o aumento médio anual de 2,9 milhões de toneladas do estoque de carbono azul, os pesquisadores estimam um incremento de R$ 75,2 milhões por ano no mercado voluntário.

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