O presidente Lula conseguiu feito inédito de reunir no Palácio da Alvorada nesta quinta-feira, 10, lideranças políticas rivais em Alagoas para amarrar um acordo que incluiu como moeda de troca a indicação da procuradora Maria Marluce Caldas Bezerra à vaga de ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A foto do encontro, com o ministro Renan Filho (MDB) e o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), sobrinho de Marluce Caldas, circulou nas redes sociais e os detalhes foram divulgados pelo jornalista Igor Gadelha do Metrópoles.

No encontro, JHC teria prometido ao presidente Lula deixar o PL de Jair Bolsonaro e migrar para um partido de centro mais alinhado ao governo, como o PSB, para consolidar a indicação da tia ao STJ. JHC foi o maior articulador para a indicação do nome da tia à vaga no STJ.

Segundo Gadelha, o prefeito também prometeu a Lira atuar como “instrumento facilitador” para viabilizar a candidatura do deputado do PP ao Senado nas eleições de 2026. Para isso, JHC teria admitido até mesmo abrir mão de ser candidato a senador.

Lira havia pedido ao presidente Lula que segurasse a indicação de Marluce Caldas até que ele resolvesse seu futuro político em Alagoas. Para isso, usou o projeto do governo que aumenta a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), cujo relatório foi apresentado nesta quinta-feira, 10, com a manutenção de várias medidas propostas pelo governo, como a taxação de 10% para os chamados "super-ricos".

 Segundo os envolvidos no acordo, o acerto entre Lira e JHC para viabilizar a indicação de Marluce Caldas teve a participação direta da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT). A petista, inclusive acompanhou a reunião no Alvorada. O encontro com as lideranças historicamente rivais em Alagoas, de acordo com relatos, teve um clima amistoso, apesar da rivalidade política entre os presentes.